São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 1997
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Esquerda sai na frente na França

MARTA AVANCINI
DE PARIS

A esquerda saiu na frente ontem pela disputa das 577 vagas da Assembléia Nacional da França.
Com pouco mais de 80% dos votos apurados, a coligação de socialistas e comunistas tinha 35,1%, o bloco governista de direita 30,1%, a Frente Nacional (extrema direita) 15,01%, e os ecologistas, 8,11%.
São duas as conclusões que se tiram desses números. Primeiro, o bom desempenho da esquerda, considerado surpreendente, que demonstra sinais de recuperação.
O Partido Socialista viveu uma fase de rejeição e havia eleito 63 deputados em 1993.
O segundo dado importante é a consolidação da Frente Nacional como a terceira força política da França (leia texto abaixo).
Os resultados, ainda que parciais, se aproximam das pesquisas de boca-de-urna.
Segundo o instituto Sofres, a esquerda e os ecologistas devem ficar, juntos, com 47,2% dos votos. A coalizão Reunião pela República e União Democrática Francesa (RPR-UDF) e os diversos partidos de direita devem ter 36,5% dos votos. A Frente Nacional deve ficar com 15,3%.
A expectativa de uma abstenção recorde não se confirmou. Ela deve ser de no máximo 32,8% -pouco acima do primeiro turno das legislativas de 1993, 30,9%.
Se a esquerda conseguir manter o bom desempenho no segundo turno, marcado para o próximo domingo, o bloco pode conquistar a maioria dos deputados. RPR e UDF devem eleger entre 255 e 287 deputados, insuficientes para manter a maioria (289).
Somadas as projeções para os partidos de esquerda, o bloco teria de 263 a 302 deputados. A Frente Nacional pode obter até três vagas.
Esse resultado ameaça a estratégia do presidente Jacques Chirac, que antecipou as eleições previstas para março de 98 a fim de garantir a maioria na Assembléia até o final de seu mandato, em 2002.
Antes da dissolução, o governo tinha 464 deputados. Chirac acreditava poder manter o apoio para adotar medidas de ajuste econômico e adequar a França aos critérios da unificação monetária.
O primeiro-ministro Alain Juppé admitiu o resultado significa que os franceses querem mudanças. "Mas não vamos mudar usando velhas idéias de 15 anos atrás", afirmou, sobre o risco de uma vitória da esquerda.
O socialista Lionel Jospin pediu a união dos eleitores de esquerda. O presidente da Frente Nacional, Jean-Marie le Pen, pediu a renúncia de Chirac.

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