São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 1997 |
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PT admite CPI e desafia governistas
DANIEL BRAMATTI
"Se a base governista quiser instalar uma CPI, a oposição não vai se opor. Mas vamos exigir que a CPI da compra de votos seja instalada também", disse o deputado José Machado (SP), líder do PT. A declaração foi uma resposta a afirmações dos líderes do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA), e do PSDB, Aécio Neves (MG), que sugeriram a instalação de CPI sobre as relações entre o partido e a empresa de consultoria Cpem. Nenhum dos dois, porém, apresentou requerimento oficial. Pela manhã, Geddel havia cobrado dos petistas tanto "rigor" quanto o demonstrado em relação à denúncia de que houve compra de votos para a reeleição. "Não podemos ficar na defensiva. Se o governo quer igualar as denúncias, então vamos instalar duas CPIs", disse o deputado José Genoino (PT-SP). "Os governistas não estão em posição de fazer ironias. O PT não teme nenhuma investigação, ao contrário do governo, que quer empurrar as denúncias que o atingem para baixo do tapete", afirmou o deputado Marcelo Déda (SE), vice-líder do PT. "Se quiserem investigar as relações de empresas com campanhas políticas, a gente aceita. Mas a investigação tem de abranger todos os partidos", acrescentou. O líder do PT no Senado, José Eduardo Dutra (SE), também desafiou o governo. Ele pediu a abertura da chamada "CPI dos Corruptores". Segundo o senador, a CPI só não foi instalada ainda porque os partidos governistas se recusam a indicar representantes. As discussões das denúncias contra o PT dominaram a reunião da bancada do partido na Câmara, ontem à tarde. Os deputados saíram do encontro afirmando que não vão barrar eventuais investigações sobre o assunto. Candidatura Lula Parlamentares petistas afirmam que as denúncias não inviabilizam a eventual candidatura de Luís Inácio Lula da Silva à Presidência, apesar de provocarem desgaste na imagem do maior líder do partido. "O Lula poderá ou não vir a ser nosso candidato, mas a decisão não será tomada em função desse fato. Temos certeza de que ele está isento de qualquer envolvimento", disse o líder José Machado. Para Machado, são "frágeis e desprovidas de provas" as denúncias. Ele diz, porém, que elas provocam desgaste. "Qualquer denúncia nos provoca desgaste, tendo ou não fundamento. É o preço que pagamos por ser o maior partido de oposição e por ter um projeto diferente para o Brasil." O mesmo discurso foi adotado pelo deputado José Genoino (PT-SP). "Se houver uma investigação séria vamos reduzir esses prejuízos", afirmou. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que as acusações "atingem a todos os que prezam a ética e a elucidação de denúncias". Ele defendeu uma investigação rigorosa do caso. Texto Anterior: Cálculo do ICMS muda em São Paulo Próximo Texto: Procurador pede análise de contratos Índice |
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