São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 1997
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De Lisboa, Motta ataca o PT, servidores e estatais

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

Motta deixa versão 'light' e faz críticas em encontro com empresários

O ministro Sérgio Motta (Comunicações) voltou a falar de política brasileira ontem, pela primeira vez desde que começou sua viagem a Portugal na última sexta-feira.
Reassumiu o estilo "Serjão" e mirou sua "metralhadora giratória" verbal em especial no PT, alvo agora de denúncias de corrupção. Criou ainda frases de efeitos sobre funcionalismo, estatais e Estados.
Agindo "como um dândi", segundo ele próprio definiu, Motta não citou as denúncias contra o PT -apenas criticou o partido.
PT
Durante seminário de quase três horas para empresários portugueses, Motta abandonou o estilo "Serjão light" que adotara e disse que o PT "defende as elites".
"Eu sou amigo do Lula, mas o PT defende as elites ao criticar a privatização das telecomunicações", disse, argumentando que 97% da planta de comunicações do Brasil atende atualmente camadas com renda superior a US$ 1.000 mensais.
"O PT tem um operário entre os 80 membros de seu diretório nacional. Ele defende o corporativismo", afirmou, ao comentar as dificuldades em aprovar as reformas constitucionais.
Estatais
Motta afirmou que a esquerda brasileira deu as mãos às "elites carcomidas" na defesa de privilégios, citando a disputa judicial contra a privatização da Vale do Rio Doce.
"Quem ganhava com a Vale não era o povo, eram os funcionários. Falavam, como dizem os velhinhos, que ouro e minério são estratégicos. Isso é falta de informação ou má-fé", disse, sem confirmar quem eram os "velhinhos".
Em seu discurso, criticou o funcionalismo. "O médico ganha pouco, mas trabalha duas horas. Para não falar de aposentadorias universitárias no auge da maturidade intelectual. Ou a gente quebra eles ou eles quebram o Brasil."
Motta deu também palpites sobre a área econômica. "Vamos ganhar R$ 15 bilhões em investimento direto neste ano, com inflação na casa dos 5%, 6%. Claro que temos divergências e acho que temos que pensar mais em crescimento econômico para resgatar a herança social, mas sou aqui um assessor do (Pedro) Malan (ministro da Fazenda)."
Ele atacou a Petrobrás. "É um paquiderme burocrático."

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