São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 1997
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Perícia no local do conflito é retomada

Provas são colhidas na Fazenda da Juta

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi retomada ontem de manhã a perícia na Fazenda da Juta (zona leste de São Paulo), onde, no último dia 20, um conflito entre a PM e sem-teto deixou três manifestantes mortos.
O Ministério Público verificou anteontem que o local, que deveria estar preservado para a perícia, havia sido alterado.
No sábado, o Instituto de Criminalística havia afastado três peritos do caso.
O afastamento dos profissionais ocorreu porque o promotor encarregado do caso, Francisco José Tadei Cembranelli, constatou que os "peritos iniciais estavam trabalhando com apenas uma tese -a de que os tiros haviam partido somente dos sem-teto".
Segundo ele, anteontem, um dos peritos afastados, conhecido como Orlando, teria ido até a Fazenda da Juta, permanecido "várias horas" e depois determinado ao engenheiro responsável pela obra que liberasse o local.
A equipe da nova perita designada para o caso, Glays Regina Petri de Oliveira, passou o dia ontem fazendo imagens, levantamento topográfico, medições e colhendo materiais do local do conflito.
"Os dados desses levantamentos serão sobrepostos às imagens das fitas com as gravações do conflito. É preciso que as escalas das medidas coincidam com a imagem", disse Glays.
A perita adiantou que pelo menos duas marcas de balas foram localizadas no prédio onde se concentravam os sem-teto, ou seja, na posição oposta da dos policiais.
Segundo ela, o fato de o local ter sido liberado por algumas horas anteontem não vai interferir nas novas investigações. "Os aspectos físicos, como prédios e marcas de balas, permanecem", explicou.
Depoimentos
O delegado da 8ª Delegacia Seccional de São Paulo, Antonio Mestre Júnior, responsável pela apuração do caso, deverá ouvir hoje os comandantes dos pelotões da PM que participaram da ação.
O delegado deve receber hoje o croqui da disposição dos prédios e barracões do local. Estes dados serão cruzados com as informações sobre a posição dos pelotões da PM. Isso poderá indicar os PMs que estavam na linha de frente e que, eventualmente, tenham atirado.

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