São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 1997
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Para Miranda, Ricardo Teixeira mentiu

RICARDO AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Eurico Miranda (PPB-RJ), presidente da subcomissão da Câmara dos Deputados que investiga as denúncias de tráfico de influência na Conaf (Comissão Nacional de Arbitragem), afirmou ontem que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, mentiu em seu depoimento à subcomissão.
Com base no depoimento do presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, Miranda concluiu que Teixeira sabia da vontade do ex-presidente da Conaf Ivens Mendes de se candidatar a deputado federal em 1998.
Teixeira não foi encontrado para comentar o fato. O telefone da CBF, no Rio, deu sinal de ocupado durante toda a tarde de ontem.
Em seu depoimento, o presidente da CBF disse que só tomou conhecimento dessa intenção de Mendes momentos antes das denúncias de tráfico de influência serem veiculadas pelo "Jornal Nacional", da TV Globo.
"Destaque-se que a intenção do senhor Ivens Mendes de se candidatar a deputado federal era pública", afirmou Petraglia.
Outra suspeita levantada por Miranda contra Teixeira foi a afirmação do presidente da CBF de que não sabia da realização de torneio comemorativo do centenário de Belo Horizonte (MG).
O parlamentar exibiu um calendário de campeonatos, divulgado pela CBF e assinado por Teixeira, em que o torneio de Belo Horizonte está marcado para acontecer de 6 a 17 de agosto de 97. O documento é de 31 de outubro de 96.
Nas gravações exibidas pela Rede Globo, a voz identificada como a de Mendes oferece vantagens financeiras para os clubes que aceitarem participar do torneio.
Ajuda
Petraglia afirmou, por diversas vezes em seu depoimento, que recebeu várias ligações telefônicas de Mendes com pedidos de "ajuda" para sua campanha a deputado.
Nessas ligações, segundo ele, Mendes jamais ofereceu qualquer vantagem nas arbitragens.
"Ele manifestou uma espécie de desespero acerca da necessidade de dinheiro. (...) Dizia precisar de R$ 25 mil. (...) Chegou ao ponto de dizer que, 'se fosse possível', até conversaria com o árbitro", disse o dirigente, ressaltando que "não houve nenhuma promessa ou proposta de favorecimento no jogo".
Petraglia fez questão, durante todo o tempo, de dizer que não deu nenhuma ajuda a Mendes.
"Por isso tudo desconversei e mandei-o (Mendes) falar com minha secretária. Foi a saída que encontrei para me livrar do constrangimento", afirmou.
Segundo ele, o depósito jamais foi feito. Ele teria dito que só conversaria sobre ajuda para a campanha na época das eleições e tentado driblar a insistência de Mendes com "evasivas".

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