São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 1997
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Funarte relança seu acervo fonográfico

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O acervo fonográfico da Funarte, que estava praticamente perdido após a extinção do órgão durante o governo Collor, começa a ser relançado em CD.
A série foi batizada de "Acervo Funarte da Música Brasileira" e reúne cerca de cem CDs, subdivididos em quatro gêneros musicais: contemporâneo, popular, clássico e folclórico.
Composto por gravações raras realizadas durante as décadas de 70 e 80, o acervo engloba de Villa-Lobos a Pixinguinha e de Assis Valente às obras do padre José Maurício Nunes Garcia (composições do século 18).
Para recuperar as obras, foi preciso recorrer a discos de vinil da época, que passaram por remasterização digital, já que todas as matrizes e o material gráfico original estavam perdidos.
A reedição está sendo feita graças a uma parceria entre a Funarte (ligada ao Ministério da Cultura), o Instituto Cultural Itaú -que patrocina o projeto- e a gravadora Atração Fonográfica. A coleção foi lançada anteontem, em São Paulo, com a presença do ministro da Cultura, Francisco Weffort.
O acervo da Funarte é composto de gravações ao vivo e em estúdio originárias de um projeto do órgão, que tinha à frente o então coordenador de música da Funarte, Ermínio Belo de Carvalho, além do maestro Edino Krieger.
Os primeiros dez títulos (leia quadro ao lado) estarão nas lojas em junho. O Instituto Cultural Itaú vai doar 20 mil cópias de cada CD para escolas de música e instituições culturais de todo o país.
Por enquanto, segundo Wilson Souto Júnior, da Atração Fonográfica, foram feitas as matrizes de 25 CDs. Até o final do ano, segundo ele, 60 títulos deverão estar no mercado. Mas a coleção poderá se estender a mais de cem CDs.
"Ainda estamos reunindo cópias. O Jards Macalé trouxe dois discos hoje (anteontem). Esperamos, em cerca de um ano e meio, lançar cem CDs", afirmou Souto. De acordo com ele, o custo da remasterização de cada disco gira em torno de R$ 4 mil.
Weffort
O ministro Francisco Weffort ressaltou em seu discurso que o Ministério da Cultura tem, entre suas prioridades, incentivar a música instrumental e a música clássica brasileira.
A principal medida nesse sentido, segundo ele, é a ampliação da alíquota da Lei Rouanet (de incentivo fiscal) de 76% para 100% para projetos dessa área, a exemplo do que já acontece com a Lei do Audiovisual (para o cinema).
"O governo trata isso como capacidade de investimento, visando desenvolver não só a cultura, mas também uma indústria, um mercado", afirmou, referindo-se à Lei do Audiovisual.
A alteração na Rouanet será feita por medida provisória, que deve ser editada ainda este mês, beneficiando também as artes cênicas e a edição de livros de arte e de valor literário inestimável.
"Resolvemos selecionar áreas, como a música instrumental e a música clássica, que precisam do apoio do Estado. Não importa se o país é rico ou não, algumas áreas sempre precisarão de subsídio estatal", afirmou Weffort.
Segundo o ministro, a música popular brasileira foi deixada de fora por contar com um "mercado extraordinário no país".
Weffort afirmou ainda que o teto do incentivo fiscal poderá dobrar em 98, passando de R$ 120 milhões para R$ 240 milhões.

Coleção: Acervo Funarte da Música Brasileira
Lançamento: Atração Fonográfica
Preço: R$ 18 (o CD, em média)

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