São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 1997
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Brasileiro diz que foi espancado na Bolívia

MAURO TAGLIAFERRI
ENVIADO ESPECIAL A SANTA CRUZ DE LA SIERRA

O estudante de medicina brasileiro Mauro Salas de Moraes, 21, acusou os policias que o prenderam, no último dia 18, em Santa Cruz de la Sierra (região leste da Bolívia), de o terem espancado.
Naquele dia, ele havia se envolvido numa briga, durante a qual agrediu o adolescente Ramiro Alcocer Vidal, 17. A agressão foi filmada, e as imagens foram divulgadas pela televisão.
A partir daí, os demais universitários brasileiros que vivem na cidade passaram a ser hostilizados pela população.
Alguns estudantes chegaram a se mudar para casas de amigos. Desde o início da semana, entretanto, a situação já está bem mais amena.
Moraes está preso na Polícia Técnica Judiciária, que conduz o inquérito sobre a briga.
Desmaio
Ele contou que foi agredido, juntamente com o amigo Oscar Alberto Bustamante Mercado (boliviano), na Central de Polícia da cidade. "A gente apanhou, dos policiais e de um dos rapazes que estava na briga", relatou à Folha.
"Só pararam porque o Alberto desmaiou e eles se assustaram", afirmou ele.
O cônsul do Brasil em Santa Cruz de la Sierra, Sérgio Luiz Cavalcanti, disse que sabia da suposta agressão sofrida por Moraes.
"Desde a quarta-feira, dia 21, pedi para que fizesse exame de corpo de delito. Solicitei ao advogado dele e estou reiterando o pedido com meu advogado para que comprovemos a veracidade disso", afirmou.
"Todos os dias o vice-cônsul (Carlos Ricardo) vai visitá-lo e o Mauro (Moraes) disse que essas visitas são fundamentais para evitar novas agressões na prisão", acrescentou Cavalcanti.
Promotor
Já o promotor Oscar Vaca Coría, que instrui o inquérito (na Bolívia, o Ministério Público participa dessa etapa), declarou que Moraes e Mercado não apresentavam sinais de violência.
"Ele disse, no depoimento, que havia sido agredido, mas não pediu para ser examinado pelo médico forense. Como eu não observei nele sinais de que sentisse dor ou que tivesse ferimentos, também não pedi o exame", disse.
Coría também afirmou que não sabe quais foram os policiais que prenderam o brasileiro.
O advogado do universitário, Paúl Méndes Hurtado, disse que o exame foi solicitado à Justiça e deve acontecer amanhã.
"Constatamos que ele tem alguns hematomas, mas isso quem poderá confirmar é o médico", declarou o advogado. Caso a agressão seja confirmada, ele pedirá a prisão dos policiais infratores.

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