São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 1997
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Adolescentes são 'expulsos'

DA REPORTAGEM LOCAL

Para especialistas, a infra-estrutura precária oferecida pelo Estado nos bairros pobres e a condição de miséria de muitas famílias da periferia da cidade "expulsam" crianças e adolescentes de suas casas.
"Esses jovens são praticamente expulsos pelos pais de casa para procurarem trabalho, uma vez que suas famílias vivem em uma situação precária", disse o coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Paulo Sérgio Pinheiro.
Segundo ele, os dados da pesquisa que mostram que a maioria dos menores usa a rua para fazer "bicos" ou pedir esmolas comprovam a tese de que "a imagem da criança de rua como sendo infratora é um mito". Para Pinheiro, o Estado deveria complementar a renda das famílias carentes. "A idéia não é tirar o menor da rua, mas fazer com que ele não seja compelido a buscar na rua a complementação da renda familiar."
"O resultado da pesquisa mostra que os menor que vive nas ruas é bastante tratável -estuda, tem casa, procura trabalhar. O que estão faltando são políticas públicas que visem melhorar o aparelho educacional e social das regiões menos favorecidas da cidade", disse a coordenadora do SAC (Serviço de Advocacia da Criança), Lia Junqueira.
Segundo ela, a violência doméstica também um importante fator de expulsão do menor de casa. Em 96, o SAC atendeu 5.299 crianças -"80% desses casos eram denúncias de maus-tratos".
Para o promotor da Vara da Infância e Juventude da Capital Maurício Antonio Ribeiro Lopes, "as crianças vão para a rua por falta de alternativas de lazer e de programas complementares de educação".
Para o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Menor, as escolas deveriam ocupar tempo integral.
O secretário municipal da Família e Bem-Estar Social, Adail Vettorazzo, disse que a prefeitura lançou este ano o Programa Municipal de Atendimento de Meninos e Meninas de Rua e que deverá estar pronto, nos próximos dez dias, um albergue para cem menores.

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