São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 1997 |
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Exposição leva mercadorias a museu
ADRIANE GRAU
Em vez de telas, esculturas e instalações, o último andar do Museu de Arte Moderna de San Francisco (costa oeste dos EUA) está ocupado por 300 objetos, entre os quais muitos que estão à venda em lojas. Sobre o piso de aço inoxidável foram colocados doze exemplos especiais de ícones. O carro BMW 325i de 1996 representa "Velocidade e Sexo e Aço". A calça Levi's dos anos 50 vira o "Uniforme da Modernidade". O símbolo "@" (arroba), usado nos endereços de e-mail da Internet, faz parte da obra "Marcas da Eletrosfera". Além de objetos raros, caros e exclusivos, podem ser vistos tênis Nike, camisetas brancas e calças cáqui da Gap, óculos Bausch e Lomb e camisinhas Trojan. Mercado e arte Segundo Aaron Betsky, curador de Arquitetura e Design do SFMoMA, a exposição não pretende alçar produtos que estão à venda no mercado à categoria de obras de arte. "Ao removermos tais ícones das prateleiras, show-rooms e lojas nos quais normalmente os vemos, pedimos que se justifiquem", diz ele. "Não conseguem, então investimos neles nossas próprias interpretações." Além dos objetos comuns, seis designers foram convidados a criar ícones que representam conceitos determinados pelo curador. Medo, amor, ódio, esperança, lugar e nenhum lugar foram determinados por artistas que também se tornaram ícones na sociedade contemporânea. Phillipe Stark fez a peça "Amor", representada por uma vela acesa sobre um monte de parafina confinada numa caixa almofadada com algodão cru. Aldo Rossi criou "Medo", que é uma casinha vermelha que parece um cofre e tem uma moeda de um centavo de dólar dentro. Deller Scofidio fez "Nenhum lugar", que é um papel de hambúrguer do MacDonald's no qual foi recortada uma casinha em relevo. Coerência Tucker Viemeister criou "Ódio" colocando gravetos, pedras e um revólver em buracos que o público é convidado a explorar. É sem dúvida a peça mais perturbadora da mostra e faz alusão ao provérbio que prega que "gravetos e pedras podem quebrar meus ossos, mas palavrões nunca me machucarão". Também chama atenção "Knoll Love Seat", de Tom Sachs. A peça é um sofá feito em 1959 por Florence Knoll no qual as almofadas foram substituídas por listas telefônicas. Entre as obras consagradas está a capa do álbum "Rolling Stones: Sticky Fingers", feita por Andy Warhol e Craig Braun em 1971, que tem um zíper de verdade na foto e mostra detalhe dos quadris de um homem vestindo jeans. "Ícones fazem sentido porque são coerentes enquanto objetos que não podem ser explicados e que nos seduziram completamente", afirma Betsky. "Será que eles merecem atenção?" Texto Anterior: Chuva não estraga abertura de 'Monet' Próximo Texto: Refinamento é marca Índice |
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