São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
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Menor acusado de facadas guardava crânio

RICARDO AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Suspeito de ter ferido três mulheres com facadas nas costas, o menor T.L.S.R, 15, guardava em casa, dentro de uma panela, um crânio que disse ser de uma tia.
O crânio foi encontrado por policiais da 1ª DP que foram à casa de T. depois que ele confessou os crimes, ocorridos no início desta semana, na Asa Sul. Também foram encontradas uma faca e um gorro com que o menor disse ter praticado os crimes.
Na delegacia, ele contou que costuma frequentar velórios e que violou a sepultura de uma tia, de onde retirou o crânio.
No final da tarde, T. foi transferido para a DCA (Delegacia da Criança e do Adolescente), onde negou ter agredido as mulheres. Sem provas, a delegada Suzana Machado teve de liberar o menor no início da noite.
"Fizemos diversas diligências para localizar alguém que o identificasse, vítimas ou testemunhas. Como não foi possível, tive de soltá-lo", afirmou.
Apesar de livre, ele deve responder pelo crime de violação de túmulo. Não pode ser indiciado por ser menor. As investigações para chegar ao agressor das mulheres continuam na DCA e na 1ª DP.
Na segunda-feira passada, a estudante N.C.S.L., 16, foi atacada com um golpe de faca nas costas.
Na terça, o agressor fez mais duas vítimas: a empregada doméstica Irene Mendes Goulart, 29, e a funcionária da Câmara dos Deputados Simone Machado de Mendonça, 30. Nenhuma das três corre risco de vida.
A polícia chegou a T. depois de receber um telefonema anônimo, que indicava o menor como o autor dos ataques. Encontrado em sua casa, também na Asa Sul, bairro de classe média de Brasília, ele foi levado à 1ª DP, com sua avó materna, Salette da Silva Rodrigues, 72, com quem mora.
Inicialmente, ele negou os crimes, mas depois confessou não só as agressões como também dois estupros. "Ele contou que rouba, estupra e ataca mulheres", disse o delegado Valmir Alves de Carvalho. O relatório do depoimento diz que T. faz isso porque "gosta de ver o sofrimento dos outros".
A avó não acredita que o neto seja o criminoso. "Ele deve estar acobertando alguém." Sobre o crânio, disse não saber de nada.
Segundo a avó, T. tem um trauma de infância porque não foi criado pelos pais. Ela disse que o pai era um "marginal" e foi assassinado há dez anos.
O delegado Carvalho afirmou que T. disse para a avó que era bandido, como o pai. "Adolescentes gostam de notoriedade", disse a delegada Suzana. Ela justificou a liberação do menor pelo fato de uma das vítimas ter dito a ela por telefone que o agressor era um homem baixo. T. mede 1,80 m.

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