São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
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Governo islâmico da Turquia perde a maioria e pode cair

Renúncia de deputado pode levar a eleição entecipada

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A coalizão do gabinete turco, ligado aos religiosos islâmicos, perdeu ontem a maioria absoluta no Parlamento. Um de seus deputados, Yildirim Aktuna, apresentou sua demissão.
A renúncia de Aktuna deixou o governo do primeiro-ministro Necmettin Erbakan com 275 das 550 cadeiras do Parlamento, insuficientes para derrubar uma eventual moção de desconfiança.
Erbakan se reuniu ontem com Tansu Çiller, a chanceler e líder do Partido do Caminho Verdadeiro (a agremiação de Aktuna), para discutir a possibilidade de eleições antecipadas, uma medida para solucionar a crise.
"Os islâmicos tentam alterar os princípios básicos da República e usar a religião como um instrumento político", disse Aktuna, um ex-ministro da Saúde conhecido por sua postura antiislâmica.
Çiller (pronuncia-se "tchíler") disse a seus aliados que pressionará Erbakan para que ele a nomeie primeira-ministra de um governo de transição, que organizaria eleições nos próximos meses. As eleições estavam previstas para ocorrer só em 2000.
Segundo acordo entre os dois líderes, Çiller deveria se tornar primeira-ministra (cargo que ela já ocupou) apenas em 1998.
A coalizão do muçulmano Erbakan sofre ameaça de um processo judicial contra seu partido, o do Bem-Estar, e crescente pressão das Forças Armadas. Os militares são considerados os guardiães do perfil laico do país.
Os 11 meses de aliança entre Erbakan e Çiller caracterizaram-se pelos constantes conflitos a respeito do papel do islamismo na vida pública do país.

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