São Paulo, sábado, 31 de maio de 1997
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Jornal desafia lei que proíbe pesquisa

MARTA AVANCINI
DE PARIS

A imprensa francesa se rebelou, pela segunda vez, contra a legislação que proíbe a divulgação de pesquisas de intenção de votos às vésperas das eleições.
O jornal "Le Parisien" publicou em sua edição de ontem os resultados de uma pesquisa de intenção de voto. O "Libération" também reagiu contra a proibição e divulgou dois levantamentos em seu site na Internet.
A pesquisa publicada pelo "Le Parisien" foi realizada pelo instituto CSA a pedido do jornal suíço "La Tribune de Genève" e já havia sido divulgada anteontem via Internet.
Uma lei de 1977 impede a divulgação de pesquisas eleitorais uma semana antes das eleições.
"Tomamos a decisão de publicar a pesquisa para defender o direito à informação do cidadão", disse Noel Couedel, diretor de redação do "Le Parisien", à Folha.
Segundo ele, a Internet acaba criando uma situação de desigualdade de acesso à informação. "Quem tem computador em casa acaba sendo privilegiado. Queremos evitar isso, daí a decisão de enfrentar a lei e divulgar a pesquisa", disse.
Além dos resultados da pesquisa, o jornal publicou reportagens com declarações de eleitores e membros de partidos políticos sobre a interdição. "Essa lei é obsoleta. As pesquisas são um elemento a mais para o eleitor analisar a situação", afirmou Couedel.
A rebelião da imprensa francesa contra a legislação eleitoral começou na semana passada, às vésperas do primeiro turno.
O Conselho de Pesquisas do governo francês pediu abertura de investigação sobre as responsabilidades dos jornais.
Multa
Couedel afirmou não temer as sanções legais que o jornal possa vir a sofrer por ter publicado a pesquisa. A multa pelo descumprimento da legislação pode chegar a US$ 100 mil. "Sabíamos dos riscos e os assumimos."
O "Le Parisien" se esgotou nas bancas por volta das 10h da manhã de ontem, segundo Couedel. A vendagem diária é de 458 mil exemplares.
(MA)

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