São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997 |
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Solidão é principal motivo das ligações
DA REPORTAGEM LOCAL Apesar de o serviço sugerir -já pelo nome- a amizade, a maioria dos usuários liga para aplacar a solidão e encontrar um namorado (a). "É claro que há pessoas que acabam fazendo amizade, mas muita gente quer algo mais", diz Nelson Carvalho, diretor do escritório de São Paulo.A Folha participou por 30 minutos de várias conversas do Disque-Amizade. Nos grupos ouvidos, a maioria dos usuários queria participar de conversas que tivessem homens e mulheres. Porém a presença de mulheres é muito inferior à de homens, segundo apurou a Folha. As monitoras também confirmam essa tendência. "Várias vezes, as pessoas nos chamam e pedem para colocar em um grupo em que haja mulheres", diz Janice dos Santos. Mas, segundo a empresa, as monitoras não devem selecionar os grupos ao trocar os usuários. Elas devem apenas transferi-los, sem fazer sondagens. "Isso é muito comum (trocar telefone). Mas o receio de dar o telefone para um estranho ainda é maior", afirma Luiz Carlos Bravo. Censura O monitoramento não incomoda os usuários do Disque-Amizade nem é visto como um meio de censurar as conversas. Essa é a opinião das pessoas que utilizam o serviço ouvidas pela Folha. Segundo a estudante Ana Luiza Grosso, 17, o serviço "é super legal". "Quando a conversa fica insuportável, a gente chama a monitora e vai para outro grupo", diz. O vendedor Ricardo Andrés, 23, afirma que não fica intimidado ao conversar com os usuários, mesmo que a monitora esteja passando pelo seu grupo de conversa. "Fico numa boa, mesmo que ela esteja me ouvindo", afirma. "Também sempre tem aquele pessoal inconveniente. Aí, a gente pede para trocar de grupo ou sai fora." "Quem tá afim de 'barbarizar' no papo, quem quer ficar falando baixaria, logo vê que não tem vez aqui. Ou a gente desliga ou a monitora 'passa o pito"', diz a estudante Julia Martins, 16. Segundo o auxiliar de escritório Zênis Santomas, 17, a monitora ajuda mais que atrapalha. "Ela pode organizar melhor as conversas." Já o estudante Carlos Henrique Santoro, 23, afirma que não gosta de ficar muito tempo nos grupos porque quer ficar mais à vontade. "Depois que o papo engrena, prefiro trocar o telefone, para conversar só com a pessoa que me interessa. Tem muita gente que entra no grupo e fica quietinho só para ficar ouvindo o papo dos outros. Ou seja, além da monitora, tem sempre um orelhudo na conversa", diz. Texto Anterior: Brincadeiras conquistam a simpatia dos usuários Próximo Texto: Psicóloga acompanha serviço Índice |
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