São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997
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Turista come bem, mas engasga no trânsito

PRISCILA LAMBERT
DA REPORTAGEM LOCAL

A dificuldade de comunicação e locomoção, o tráfego complicado e a poluição foram os principais pontos levantados por estrangeiros como obstáculos enfrentados ao chegar na cidade de São Paulo.
A Folha conversou com estrangeiros que, na maioria, estavam viajando a trabalho e visitavam a cidade pela primeira vez.
Os pontos positivos da cidade, segundo eles: a simpatia dos paulistanos, a variedade de restaurantes e a rica vida cultural.
"São muitas opções de teatro, cinema e exposições artísticas", diz Gilda Parenti, 32, italiana que veio ao Brasil para visitar a filial da empresa em que trabalha.
"É um dos melhores centros gastronômicos do mundo", diz o mexicano radicado em Miami (EUA), Luis Nuñes, 34, que também veio a trabalho como gerente de uma indústria alimentícia americana com filial em São Paulo.
Já o norte-americano Dartagnan Delgado, 28, que mora em São Paulo há um mês com a namorada paulista, rebate a opinião de Nuñes. "Realmente existem ótimos restaurantes, mas a maioria para ricos. Em lugares mais simples e baratos, não se acha variedade."
Aliás, o norte-americano, que já esteve por aqui durante quatro meses no ano passado -quando pôde sentir na pele as dificuldades que um estrangeiro enfrenta- , tem uma série de críticas à cidade que quer receber bem os turistas.
Todos os estrangeiros entrevistados foram unânimes em apontar problemas como o tráfego difícil e o excesso de poluição.
Delgado reclama do transporte, dos preços altos, da falta de sinalização e da difícil comunicação.
Segundo Delgado, nem na avenida Paulista, que é bem cosmopolita, encontram-se pessoas que falem outra língua. "Raramente encontrei alguém que falasse inglês na rua. E o português não é uma língua muito difundida", afirma.
"Quando vou ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), por exemplo, e peço informações, não há ninguém preparado para ajudar turista. Eu não entendo ninguém e ninguém me entende", diz.
Delgado diz que deixa de ir a esses lugares sozinho porque sabe que teria dificuldades.
"Também tenho restrições quanto ao transporte. A linha do metrô é muito limitada. Os ônibus não têm um sistema de baldeação gratuito como nos EUA. Isso encarece o transporte."
Os turistas apontam ainda os preços de produtos e serviços. Alugar um carro no Brasil, por exemplo, significa, ao menos aos norte-americanos, pagar três ou quatro vezes mais do que pagariam nos EUA.
A sinalização do trânsito é um obstáculo aos turistas que dirigem. "Eu me perdi muitas vezes", relata Delgado.

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