São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997
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O futebol precisa de ampla reforma

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Durante três meses a Folha procurou fazer uma radiografia dos problemas do futebol no Brasil -tecnicamente o melhor do mundo, mas ainda bastante atrasado no setor administrativo e como atividade com grande potencial de alavancar negócios.
A série tratou desde os aspectos mais gerais da atividade, como a questão da legislação esportiva no Brasil e análise das gestões dos clubes e federações, até casos concretos de situações aberrantes e miseráveis nas quais o futebol é praticado no país.
A desigualdade entre os grandes clubes e os pequenos é imensa (reflete a questão da má distribuição de renda no país), mas, na média, pode-se dizer que o futebol brasileiro é uma atividade economicamente pobre, mal estruturada, mal gerida e praticada, na sua imensa maioria, por profissionais que mal ganham para sobreviver.
Ao mesmo tempo, a série da Folha veio em boa hora: cresce entre os formadores de opinião a convicção de que a insustentável desorganização (da qual o torneio estadual do Rio de Janeiro é triste exemplo) e a evasão fiscal que o sistema futebolístico permite precisam ser resolvidas.
A questão do futebol brasileiro é estrutural e necessita de uma ampla reforma. Países europeus que tomaram consciência do imperativo da modernização administrativa do futebol, como a Itália, primeiro, e depois a Inglaterra e a Espanha, colheram os ótimos frutos em prazo curtíssimo. Hospedam hoje campeonatos milionários.
No momento em que aparecem os grandes patrocinadores do futebol brasileiro.
No momento em que a televisão faz grandes investimentos para a cobertura de jogos, consciente de que uma estrutura mais organizada poderá gerar melhores resultados para as transmissões.
E no momento em que o Executivo envia para o Congresso uma proposta para se modernizar a gestão do futebol, tornando-a mais adequada à indústria do entretenimento contemporâneo, a série da Folha foi uma grande contribuição para a mobilização da sociedade em torno da questão.
Mobilização, aliás, que não pode e nem deve parar.

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