São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997
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Fundação profissionaliza crianças e adolescentes

Cursos ocorrem em área verde e atendem mil pessoas por dia

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

As carências da população da zona sul de São Paulo são o motivo da existência da Fundação Julita, entidade que funciona no Campo Limpo desde 1952.
Todas as atividades realizadas ali, em um espaço de 42 mil m2 de área verde, são complementos à má qualidade dos serviços públicos na educação e profissionalização de crianças e adolescentes e no atendimento ao idoso.
"Se o ensino público fosse bom, não precisaríamos dar reforço escolar", diz Sandra Pinheiro Amorim, diretora da creche da Julita.
São cerca de mil pessoas atendidas diariamente, por um quadro de 60 funcionários e um número variável de voluntários.
A participação do poder público nesse serviço é, ao mesmo tempo, vital e insuficiente: vêm da prefeitura quase todos os R$ 40 mil mensais que permitem à entidade atender cerca de mil pessoas por dia.
"A prefeitura não faz mais do que sua obrigação. Só não estamos no prejuízo hoje por conta de um arrocho dos salários dos nossos funcionários. Vivemos da perseverança desses profissionais", diz Solange Pasquale de Mello Freire.
"Doações esporádicas" completam a folha de receitas da entidade. Um espaço conquistado este ano na programação de uma rádio comunitária local é a esperança da Julita para obter novas doações.
Crianças e adolescentes de 0 a 17 anos e homens e mulheres acima de 40 anos são o público da Fundação Julita. A entidade só atende pessoas com renda mensal abaixo de quatro salários mínimos.
A essa população, a fundação oferece quatro programas permanentes: creche, centro de juventude, programa de profissionalização e apoio à terceira idade. Todos incluem pelo menos duas refeições por período, o que faz a procura aumentar bastante.
A entidade trabalha em sua capacidade máxima e tem lista de espera, mas abre inscrições semanais.
Os programas paralelos incluem cursos em parceria com o Senac e um recém-criado atendimento psicológico de emergência, todo realizado na base do voluntariado.
Carmem Silvia Calandria Ponce, 43, coordenadora da psicologia, resume o resultado da carência social sobre a população. "A exclusão social muitas vezes alimenta a rejeição nas famílias pobres."

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