São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997
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Supermercados concentram compras

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma forma de negociação entre supermercadistas e fornecedores considerada ultrapassada na década de 80 volta com força na metade dos anos 90, tornando-se uma tendência para os próximos anos: a centralização comercial.
Com a estabilização da moeda, os supermercadistas perceberam que uma negociação centralizada pode possibilitar controle maior dos estoques, agilizar o sistema de entrega às lojas e diminuir o custo da operação de compra e venda.
Na prática, significa que as grandes redes de supermercados estão começando a tirar a autonomia de cada loja para negociar com a indústria a reposição de parte das mercadorias -método trazido pela rede francesa Carrefour na década de 70 e apontado, na época, como inovador.
A centralização das negociações -do volume de compras- passa a ser considerada uma forma mais vantajosa para o supermercadista que, ao adquirir maiores volumes para um grupo de lojas, pode conseguir redução de custos e, consequentemente, de preços.
Uma pesquisa feita no final do ano passado com 300 das maiores redes de supermercados do país -coordenada pelo consultor de varejo Nelson Barrizzelli- mostra que 15% delas já estavam centralizando as compras da indústria.
A maioria (82%) tinha uma política mista de compras. E apenas 3% davam autonomia completa para as lojas negociarem os pedidos com os fornecedores.
"Tudo indica que até o final do ano 25% das grandes redes de supermercados estarão centralizando totalmente as compras", afirma Barrizzelli. Segundo ele, essa nova forma de negociação passou a ser interessante depois do Plano Real.
Estratégia
A Folha apurou que a rede de supermercados Sé, que tem estratégia de compra mista, é uma das empresas que estudam a abertura de depósito central para aumentar o número de produtos que passam a ter negociação centralizada.
Metade do valor da compra de bebidas, de importados e de mercadorias com marcas próprias, por exemplo, já está centralizada. A estratégia é aumentar para 80%. A rede calcula que a centralização pode resultar na redução de cerca de 5% nos preços dos produtos.
O grupo Pão de Açúcar, que, no final década de 80, começou a diminuir seus depósitos para descentralizar as compras, está retomando a centralização comercial.
"A empresa percebeu que o modelo autônomo era bom para as grandes lojas e, mesmo assim, precisava ser readaptado. Até o Carrefour já está fazendo experiência com a centralização", diz Antonio Carlos Ascar, consultor de varejo.
Barrizzelli diz que a prática centralizada de negociação, na verdade, faz parte do sistema de logística dos supermercados que está sendo revisto por muitas empresas.
Algumas redes de supermercados, conta ele, estão considerando ser vantajoso centralizar as negociações com os fornecedores para discutir preços, mas cabe às lojas os pedidos dos volumes e o recebimento das mercadorias.

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