São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997 |
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Colador é super Bond
AUGUSTO PINHEIRO
"Eu acho divertido colar para tirar nota alta na prova de uma professora que diz que você não é capaz", diz J.S., 16, aluno da 8ª série. Surgem histórias mirabolantes -dignas de integrar um compêndio sobre a cola-, como a de J.M., 14, e G.S, 15, da 1ª série do 2º grau. J.M. sentou-se na última carteira em frente a uma janela. J.M. estava duas carteiras à frente. G.S. aproveitou o sol para passar a cola por códigos gestuais que faziam sombra na carteira de J.M. "Ele nem precisou olhar para trás", diz G.S. Muitas vezes, objetos da sala funcionam como suporte de cola. A carteira do Colégio Dante Alighieri, por exemplo, tem cinco pinos. "Se a letra é A, é só apontar para o primeiro, e assim por diante", diz A.C.G., 16. Escrever a lápis na carteira escura é outra artimanha. "O professor não nota, mas quando bate o reflexo do sol, a gente lê tudo", diz A.G.O., 14. Os papéis, como os microfilmes das ficções de espionagem, são cada vez menores. Os James Bonds reduzem a letra no computador até o corpo 6, assim dá para escrever muito em pouco espaço. "Nós pegamos esse papel e afixamos com percevejo embaixo da carteira. É só girar e ler", diz A.V., 16, aluno da 2ª série do 2º grau. "Quando o professor chega perto, colocamos a perna em cima." Minicolas também são enroladas na tampa do corretivo. "Fica imperceptível", diz C.S., 15. "Emprestamos o corretivo para os colegas. O professor não percebe." E, aproveitando o inverno, os estudantes usam o capuz do agasalho do colega da frente para camuflar a cola. "É ótimo, nunca fui pego", atesta J.S., 16. (AP) Texto Anterior: Vestibular tem esquema duro Próximo Texto: A punição em alguns colégios Índice |
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