São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997 |
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Arrasta-pé eletrificado atrai público jovem
EDSON FRANCO
Saiba que as chances de você deparar com um triângulo tilintando e casais arrastando o pé são de quase 100% na cidade. É o forró. Possíveis resistências e preconceitos tipicamente sulistas caem logo nos primeiros contatos com o mundo forrozeiro de Fortaleza. Começando pelos frequentadores das casas de forró. Em geral, são jovens de classe média e índole pacífica o suficiente para permitir que as casas sirvam cerveja nas garrafas e uísque em copos de vidro, procedimento impensável nos forrós ao sul da Bahia. Aqueles preocupados em não romper compromissos com a modernidade encontram alívio ao olhar para o palco das casas. Saem de campo gibão, chapéu de couro, alpercatas, zabumba e triângulo. Entram roupas para aeróbica, tiaras, coturnos, teclados eletrônicos e guitarra. E, inevitável, pipocam aqui e ali clones de Carla Perez, dançarinas de cabelo tingido que ganham a vida dando as costas para a platéia. Bandas Apesar da aparente e enervante uniformidade, o universo forrozeiro esconde vida inteligente. Cansados de usar guitarra, baixo e teclados para fazer o que Luís Gonzaga fazia sozinho com a sanfona, alguns músicos estão procurando novas direções para o estilo. É o caso da banda Styllus. Na música "Sanfonia", por exemplo, eles adaptam o resfôlego ponteado da sanfona à linearidade dos arpejos da música erudita. Dono de alguns arranjos primorosos, o grupo Forró Forrado soa mais tradicional. Isso se deve à incorporação de elementos musicais de outros estilos ancestrais brasileiros, como choro e maxixe. Campeã de vendas, a banda Mastruz com Leite deixa a vala comum ao adotar uma inflexão típica da soul music nos vocais femininos. Essas mudanças ainda são cosméticas, mas suficientes para estimular outros grupos locais -Rabo de Saia, Flor da Terra, Mel com Terra, Limão com Mel e Cavalo de Pau- a deixar de ser apenas competentes e almejar a eternidade. (EF) Texto Anterior: Comediantes fazem o Ceará rir primeiro Próximo Texto: Estilo nasceu no século 19 Índice |
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