São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Benito renuncia e cobra ação de ministros

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA), entregou ontem o cargo afirmando que o problema de articulação política "não está no Congresso, está fora". Ele negou ter ficado desgastado pela denúncia de compra de votos para aprovar a reeleição.
"Não tenho nada a ver com essa suposta compra de votos", disse. Ele afirmou que "a desagregação da base governista é um efeito, não é a causa. Tem que haver uma ação coordenada em todos os ministérios. É preciso que todos os ministros trabalhem politicamente".
Promessas
O ex-líder confirmou que muitos deputados governistas estão insatisfeitos porque o governo deixou de cumprir promessas feitas para aprovar a emenda da reeleição: "É verdade. Há compromissos que não foram cumpridos". Ele ressalvou que essas negociações teriam envolvido um grupo pequeno de parlamentares. Mas admitiu: "Eles definem uma votação."
Pare ele, a maior prova de insatisfação da base é o fato de a oposição ter conseguido mais de 200 assinaturas para a CPI da Reeleição.
Benito disse que as dificuldades para aprovar a reforma administrativa continuarão. "Tenho certeza de que ninguém faria melhor do que eu", afirmou Benito.
Ele disse que o líder do governo enfrenta três problemas: "É um general sem tropa. A condução é dos líderes dos partidos. Também temos o problema da infidelidade partidária e da multiplicidade de matérias em votação".
Mágoas
Benito saiu de reunião no Planalto magoado com o presidente Fernando Henrique Cardoso. "É no mínimo indelicado ser demitido pela imprensa." Ele disse que não ficaria no cargo mesmo que Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) recusasse o convite de FHC.
O ex-líder negou que tivesse sido convidado para assumir a presidência da Comissão de Relações Exteriores: "Não estou procurando prêmio de consolação."
Benito ficou magoado por não ter sido defendido por Inocêncio Oliveira, líder do PFL na Câmara: "O PMDB lutou pelo Luiz Carlos Santos, o PSDB lutou pelo José Aníbal. Como o cargo ficou com o Luís Eduardo, o PFL se acomodou. Não teve um gesto comigo". Perguntado se poderia deixar o PFL, respondeu: "Não avaliei ainda."

Texto Anterior: Ministro completa roteiro religioso
Próximo Texto: PSDB está conformado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.