São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997
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Congestionamento

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O dia abriu com a Globo registrando que Paulo Maluf volta da viagem à Europa e aos Estados Unidos sem falar em política. O ex-prefeito se exilou depois de ter o nome envolvido no "escândalo dos títulos públicos".
A mesma Globo registrou mais tarde que Fernando Collor volta dos Estados Unidos para uma temporada no Brasil. O ex-presidente acompanha a mulher, que vem depor na Justiça. Ele se exilou depois do "escândalo PC".
Mais algum tempo e a Globo News registrou que Sérgio Motta está sendo esperado, da Europa, por Luís Eduardo Magalhães, para pedir "cara a cara" seu afastamento da articulação política. O ministro se exilou depois do "escândalo da compra de votos".
Um congestionamento de exilados de ocasião, nos aeroportos brasileiros.
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Quem não se exilou, nem vai, é Lula, mesmo depois do "escândalo do PT". A Globo anunciou que o PT decidiu que vai pagar o aluguel da casa do ainda presidente de honra do partido.
Nada de Europa, nem Estados Unidos. Lula nem vai ter que mudar de casa.
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Gustavo Kuerten, ou Guga, vai confirmando a grandeza de um novo Ayrton Senna, de herói nacional, como quer o Jornal Nacional.
Ontem a CNN registrava, não sem assumido espanto, que o tenista brasileiro "em dez dias saiu da quase total obscuridade" para a glória da semifinal de um torneio do Grand Slam.
Mas era o próprio Guga, em entrevista mostrada na CNN, quem parecia reproduzir o corredor, naquelas mensagens épicas tão lembradas:
- Ganhei mais poder, mais energia para voltar, para acreditar em mim mesmo o tempo todo, mesmo que esteja perdendo. Eu sei que eu posso resistir. Eu posso lutar. E eu posso ir até o fim.
Senna não diria melhor.

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