São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997
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Bahia fatura com MP do Nordeste

DENISE CHRISPIM MARIN

DENISE CHRISPIM MARIN; CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Estado concentrará mais da metade dos investimentos das montadoras

A Bahia vai concentrar 52,6% dos investimentos das montadoras habilitadas ao regime automotivo exclusivo para as regiões Norte, Nordeste de Centro-Oeste.
Dentre as 25 empresas que aderiram a esse regime, seis definiram a Bahia como destino. No total, elas prometeram injetar US$ 1,450 bilhão na instalação de suas linhas de montagem no Estado e gerar 18,7 mil postos de trabalho.
A Bahia atraiu duas das mais cobiçadas empresas: a Hyundai Motors (que investe US$ 286,2 milhões na montagem de vans a partir de 98) e a Asia Motors (que investe US$ 719 milhões na produção de vans e US$ 151 milhões, em associação com empreendedores locais, na montagem de motos).
"Sou frequentador assíduo da Bahia e fico contente que o Estado tenha recebido esse grande montante de investimentos", declarou o ministro Francisco Dornellles (Indústria, Comércio e Turismo).
Goiás, o segundo Estado mais procurado, deverá ter US$ 464 milhões em investimentos de seis empresas, entre as quais a Honda, que montará motocicletas.
Pernambuco receberá US$ 27,5 milhões de duas empresas fabricantes de tratores. O Ceará será o destino de US$ 166 milhões investidos por outras duas. Piauí, Paraíba e Brasília terão investimentos menores que US$ 40 milhões.
A Brazauto, associação da General Motors com empresas nacionais, e o Grupo Caloi terão quatro meses para comunicar onde vão instalar suas plantas. Caso contrário, suas adesões serão canceladas.
Segundo Dornelles, o resultado superou a expectativa. "Vamos ter presença forte de empresas orientais, que querem ter uma base de exportações para outros países", afirmou o ministro.
A realização dos investimentos será a condição básica para as empresas poderem importar veículos acabados, peças e componentes e bens de capital.
Essas compras externas não poderão exceder 30% do valor injetado nas linhas de montagem.
Nos próximos dias, o MICT vai abrir licitação para a contratação da empresa de auditoria que vai acompanhar os investimentos das empresas e o cumprimento das regras do regime.
Maquiadoras
O ministro Dornelles afirmou que os nove incentivos fiscais garantidos a essas empresas pelo regime não podem ser confundidos com subsídios. "Incentivo não significa perda de receita porque resulta em ganhos de produção."
Dornelles declarou ainda que as 25 empresas podem ser tão "maquiadoras" quanto as montadoras que se instalarem nas regiões Sul e Sudeste -aquelas que respondem ao regime automotivo geral.
Empresas maquiadoras são as que se favorecem de incentivos fiscais. Mas driblam os compromissos de produção com o acréscimo de poucos itens nacionais às mercadorias que importam.
CPI das Montadoras
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) defendeu a criação de uma CPI das Montadoras.
Segundo ele, há Estados concedendo "benefícios absurdos" a empresas estrangeiras do setor automotivo em detrimento de incentivos a empresários nacionais.

Colaborou Carlos Alberto de Souza, da Agência Folha, em Porto Alegre

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