São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
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Operação Água Fria; Novo calendário; Tradição na prática; Esforço concentrado; Desculpa arrumada; Sinceridade atroz; Fim específico; Dinastia baiana; Preocupação nacional; Análise pragmática; Algo mudou; Tal pai, tal filho; Apagando incêndio; Exemplo concreto; Via indireta; Parte interessada

Operação Água Fria
FHC desistiu de convocar o Congresso extraordinariamente em julho, como cogitava anteriormente. Quer abafar o desgaste da paralisia das reformas e da crise de compra de voto. De quebra, ganha um tempo para reorganizar a base no Legislativo.

Novo calendário
No cronograma do governo, tenta-se aprovar a reforma administrativa e a lei de teles agora. E se retoma em agosto a reforma da Previdência e o FEF (Fundo de Estabilização Fiscal).

Tradição na prática
O Congresso pode ser convocado extraordinariamente duas vezes por ano. Desde 92, só não houve em 95. Elas aconteceram 9 vezes entre 11 possíveis.

Esforço concentrado
O presidente da Câmara, Michel Temer, acertou ontem com líderes que a lei de teles será votada nas próximas terça e quarta, em duas sessões extraordinárias. Em sessões ordinárias, aprecia-se a reforma administrativa.

Desculpa arrumada
Apesar de prever o fracasso parcial das reformas, FHC não tem alternativa senão insistir em votar a administrativa e a da Previdência. No mínimo, usará o tradicional discurso de que fez a sua parte, mas o Congresso não.

Sinceridade atroz
Observação ouvida ontem em Brasília: "Não precisamos mesmo convocar o Congresso em julho, já aprovamos a reeleição".

Fim específico
Aprovada ontem no Senado, a emenda da reeleição está pronta para ser promulgada graças à convocação extraordinária do Congresso. Em janeiro último.

Dinastia baiana
Comentário feito em um grupo de diplomatas sobre ACM ter tratado o imperador japonês, Akihito, de "vossa excelência" em vez de "vossa majestade": "Nem assim o senador trata alguém como superior."

Preocupação nacional
Michel Temer vai criar na semana que vem uma comissão especial da Câmara sobre segurança pública. Para analisar, unificar e apressar a tramitação dos projetos sobre o assunto que estão parados no Congresso.

Análise pragmática
A nova articulação política precisa de um tempo para se recompor. Não adianta convocar o Congresso extraordinariamente e não aprovar nada. É melhor tentar tirar o tema do noticiário.

Algo mudou
FHC não quer mais que esqueçam o que ele escreveu, diz Delfim Netto (PPB-SP). "Mandou buscar todos aqueles livros antigos dele assim que soube da vitória dos socialistas na França."

Tal pai, tal filho
Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) está disposto a responder no estilo de seu pai, ACM, a qualquer declaração de Serjão que julgar inconveniente às suas articulações políticas. O recado chegou ao Planalto.

Apagando incêndio
Lula se reúne na semana que vem em Brasília com a bancada do PT. Para falar sobre a suposta corrupção no partido e tentar conter a troca de acusações entre as diferentes alas da legenda.

Exemplo concreto
ACM deu um pito em Benito Gama (PFL), que criticou o modo como foi destituído da liderança do governo. Disse que Benito não se elege a mais nada pela Bahia e que deveria deixar o PFL. "Você me faria um favor."

Via indireta
Estabelecida a divisão de trabalho entre o líder Luís Eduardo Magalhães e Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos). O segundo vai tratar do varejo, para o qual o primeiro não teria paciência. Coisas como cargos e verbas.

Parte interessada
Pauderney Avelino (PFL) foi indicado às pressas ontem para a Comissão de Fiscalização de Controle da Câmara. E já pediu para integrar a subcomissão que investigará a aplicação de verbas federais no Acre e no Amazonas.

E-mail:painel@uol.com.br

TIROTEIO
De Jacques Wagner (PT-BA), sobre José Genoino (PT-SP) ter dito, em debate sobre a acusação de corrupção no PT, que, como a mulher de César, a esquerda tem que parecer honesta e não apenas ser honesta. Lula é um dos líderes acusados:
- Lula, como César, tem que tomar cuidado para não ser apunhalado pelas costas.

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