São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
Próximo Texto | Índice

Governo afunila disputa pela banda B

ELVIRA LOBATO

ELVIRA LOBATO; IGOR GIELOW
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Cinco dos 15 consórcios são desqualificados por razões técnicas; região Centro-Oeste já tem resultado

A concorrência para venda das concessões do serviço celular privado (banda B) começou com uma grande surpresa: o governo anunciou a desclassificação de 5 dos 15 consórcios internacionais que haviam entrado na disputa.
A menos que consigam reverter a decisão da comissão de licitação -por meio de recursos administrativos ou ações judiciais- estão fora da concorrência os consórcios Lightel, Algar, Mcom Wireless, Hutchison/Cowan e Tess.
Há ainda outra nova surpresa: o consórcio Americel foi declarado vencedor da licitação para a região Centro-Oeste. Ele foi o único a apresentar proposta para aquela área e passou, sem problemas, pela habilitação técnica.
A concessão para a região Centro-Oeste foi vendida por R$ 338,5 milhões, ou seja, com ágio de 23,37% em relação ao preço mínimo de R$ 270 milhões fixado pelo governo. Na concorrência para a Grande São Paulo é esperado ágio de até 200%.
O consórcio Avantel -formado pela Odebrecht, Camargo Corrêa, Unibanco, AirTouch e Empresa Folha da Manhã S/A- desistiu de disputar as concessões para o Rio Grande do Sul (área 6) e Bahia e Sergipe (área 9).
José Luis de Souza, diretor da Stelar Telecom (subsidiária da Odebrecht) disse que o consórcio decidiu se concentrar nas áreas 1, 2, 3, 4, 5 e 10.
A desqualificação de cinco consórcios surpreendeu os empresários, executivos e advogados que lotaram o auditório do Ministério das Comunicações para acompanhar a divulgação dos aprovados na fase técnica.
Como todos os concorrentes haviam tido a oportunidade de analisar, previamente, a documentação dos adversários, existia a expectativa de que alguns pudessem ser inabilitados, mas ninguém imaginava que um terço seria cortado.
Quatro dos inabilitados anunciaram que vão recorrer administrativamente da desqualificação. A batalha pode se estender para o âmbito judicial.
Pelas regras do edital, os descontentes têm cinco dias úteis para entrar com recursos junto à própria comissão de licitação.
A partir daí, correrão outros cinco dias úteis para que todos os consórcios possam se manifestar. A comissão de licitação tem igual prazo para julgar os recursos.
Se ela mantiver a decisão anunciada ontem, os recursos serão submetidos ao ministro Sérgio Motta, das Comunicações. A fase para questionamento administrativo deve se estender até o dia 2 de julho e, em seguida, será anunciado o vencedor da concorrência para a Grande São Paulo.
O ministro Sérgio Motta disse ontem que vai defender a decisão tomada pela comissão que desclassificou 5 dos 15 consórcios.
"Vou dar cobertura para a comissão. Lógico que haverá recursos. Afinal, esse é o maior negócio no mundo em telecomunicações. A Justiça decidirá", disse Motta em Lourdes (sul da França).
O ministro disse que não acredita em problemas judiciais graves com a concorrência.

Colaborou Igor Gielow, enviado especial a Lourdes (França)

LEIA MAIS sobre banda B à pág. 2-10

Próximo Texto: Governo afunila disputa pela banda B
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.