São Paulo, sexta-feira, 6 de junho de 1997
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Explique-me isto

EDUARDO OHATA

Uma das maiores curiosidades sobre o boxe diz respeito a como os rankings das organizações que controlam o esporte são elaborados. O caso do pesado Joe Bugner, ainda em atividade, serve como um exemplo muito esclarecedor.
Bugner, que estreou no profissionalismo há 30 anos, teve seu momento de glória em junho de 1965, quando desafiou e perdeu para Muhammad Ali pelo cinturão mundial em uma luta revanche -dois anos antes, havia sido derrotado, também por pontos, pelo mesmo Ali.
Em 1987, um nocaute sofrido nas mãos do grandalhão Frank Bruno parecia assinalar o fim da carreira de Bugner.
A paixão pelo esporte, entretanto, foi mais forte e, em 1995, Bugner voltou a lutar. O agora veterano -e obeso- pugilista marcou seu retorno com uma fácil vitória sobre o totalmente desconhecido Vince Cervi.
Seguiram-se mais duas vitórias: uma sobre o também desconhecido Young Haumona; e outra sobre West Turner, um autêntico perdedor profissional, derrotado em 10 de seus últimos 13 combates.
Além dessas "importantes vitórias", o lutador perdeu por nocaute para Scott Welch, até então um mistério para o mais ávido apreciador do boxe. Estava em jogo o título de campeão internacional pela Organização Mundial. Aliás, essa "vitória decisiva" qualificou Welch como desafiante de Henry Akinwande em uma tentativa frustrada de arrebatar o título dessa organização.
Voltando a Bugner, 47, qual a atitude da Associação Mundial diante do idoso (para os padrões esportivos) e fora de forma veterano? Classificaram-no como o 12º em seu ranking.
Nesta semana, Bugner atacou novamente, vencendo Waisiki Ligaloa, dono de um cartel com 14 vitórias, "apenas" 10 derrotas e 1 empate. Provavelmente será o bastante para que a Associação Mundial o promova a primeiro do ranking.

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