São Paulo, sábado, 7 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Líder terá de administrar pedidos de deputados

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os deputados da base governista esperam que o líder do governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), use a sua influência no governo para garantir a eles o acesso a verbas e cargos federais.
Essa expectativa é confirmada pelos líderes dos partidos governistas, que já recebem a pressão de suas bancadas. O governo deixou de cumprir muitas promessas feitas nas negociações para a aprovação da emenda da reeleição.
Os líderes afirmam que Luís Eduardo tem força política para pressionar os ministros a atender os pleitos dos parlamentares. Os ministros atenderiam, certos de que estariam ajudando o presidente Fernando Henrique Cardoso.
A dúvida dos líderes é sobre a disposição do novo líder de partir para esse tipo de prática. Seria um caminho sem volta. Ao mesmo tempo, acham que ele não pode frustrar inteiramente a expectativa da base governista.
Compromissos
"É um problema que ele vai enfrentar. Ele tem mais acesso ao presidente. Mas não pode se ater a pequenas demandas, porque perde a dimensão do cargo. Vai ter que administrar isso, sem gerar uma expectativa falsa", afirma o líder do PSDB, Aécio Neves (MG).
O líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), preferia que Luís Eduardo ocupasse um ministério político, justamente para ficar longe da negociação de cargos e verbas. "Isso ocorre mesmo. No ministério, ele ficaria preservado", comentou.
Ao deixar o cargo de líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA) avisou que há insatisfação na base governista, devido a pleitos não atendidos. Ele cobrou uma ação política dos ministros.
Sobre os acordos feitos na votação da emenda da reeleição, Benito comentou: "É verdade. Há compromissos não cumpridos". E acrescentou que os deputados chamados "fisiológicos" são poucos, mas "definem uma votação".
Primeira crise
O loteamento de cargos no Ministério dos Transportes pode gerar a primeira crise na base governista na gestão de Luís Eduardo. Os deputados do PMDB querem ocupar os cargos hoje distribuídos entre os partidos governistas.
O loteamento do ministério foi feito a partir de junho de 1995, entre os parlamentares que ajudaram a aprovar as emendas que quebraram o monopólio do petróleo e das telecomunicações.
Foram feitas 53 indicações para cargos de segundo e terceiro escalões. Os nomes foram impostos ao então ministro Odacir Klein pelo secretário-geral da Presidência da República, Eduardo Jorge.
Na última reunião da bancada do PMDB, presente o ministro Eliseu Padilha (Transportes), deputados pediram a "verticalização" do ministério. Ou seja, a entrega de todos os cargos ao partido.
A deputada Maria Elvira (MG) marcou a posição da bancada: "Os ministros do PFL privilegiam os deputados do PFL. Os ministros do PSDB privilegiam os deputados do PSDB. Por que vamos ser diferentes? É o espaço que nos deram, e é o espaço que devemos usar".

Texto Anterior: Novo líder diz que quer alianças para 98
Próximo Texto: Reajuste pode ser concedido a 100 mil servidores
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.