São Paulo, sábado, 7 de junho de 1997
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CNI diz que aquecimento é alarme falso

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A indústria brasileira apresentou aumento da atividade em abril, surpreendendo a CNI (Confederação Nacional da Indústria) pela intensidade. O aumento das vendas em relação a março foi de 3,60%. Pela segunda vez nos últimos 23 meses, não houve queda no nível do emprego (ficou estável).
O subchefe do departamento econômico da CNI, Flávio Castelo Branco, disse que já era esperado um aumento da atividade, "mas a intensidade foi surpreendente".
No entanto, a CNI não acredita que essa tendência se repita nos próximos meses. "É meio um alarme falso", disse o chefe do departamento econômico, José Guilherme Reis.
Alguns fatores influenciaram no índice. Um é que abril teve um número de dias úteis maior do que março (que teve cinco finais de semana e os feriados da Semana Santa), outro é que houve antecipação de compras por temor que o governo tomasse medidas anticonsumo. Na agricultura a safra foi boa e os preços estão bons, o que aumenta muito a demanda em Estados como Goiás, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
No acumulado do ano (janeiro a abril), o aumento de vendas foi de 10,2%. Em relação a abril do ano passado, o aumento foi de 13,14%.
Setores esfriam
Reis disse que não identifica "uma tendência" com esses números. Para ele, alguns setores fortes estão em "processo de moderado esfriamento".
Citou como exemplos o setor de automóveis, que teve queda de produção em maio e promoções de vendas em junho, e as vendas de eletrodomésticos, que não ocorreram no volume esperado.
Depois de 23 meses de queda (com exceção de setembro de 1996, com aumento de 0,14%), o nível do emprego ficou estável (nem aumentou nem diminuiu). "É positivo, mas não é uma reversão", disse Reis.
Ele lembrou, inclusive, que no índice dessazonalizado -quando, por critérios técnicos, procura-se neutralizar fatores que só ocorrem em determinadas ocasiões- a taxa de emprego ainda foi levemente negativa (0,24%). Os Estados com maior peso como empregadores continuaram com taxas negativas: São Paulo (0,14%) e Rio (2,29%).
Em relação a abril do ano passado, ainda houve uma queda no nível de emprego de 3,43%. No acumulado do ano (janeiro a abril), foram fechadas 3,39% das vagas da indústria brasileira.
As horas trabalhadas na produção aumentaram 1,21% em relação ao mês anterior. Em comparação com abril do ano passado, houve queda de 2,61% e o acumulado do ano (janeiro a abril) ficou negativo em 3,92%. Os salários líquidos reais tiveram um aumento de 2,17% em relação a março.

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