São Paulo, sábado, 7 de junho de 1997
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Senado aprova fim de pensão a nazistas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Câmara Alta (Senado) do Parlamento alemão aprovou ontem projeto de lei que cancela as pensões por incapacidade pagas a criminosos de guerra nazistas.
A decisão foi tomada depois que grupos judaicos norte-americanos revelaram que milhares de ex-oficiais do Terceiro Reich (o Estado alemão de 1934 a 1945) continuavam a receber pensões.
O projeto ainda tem de passar pelo chanceler (premiê) alemão, Helmut Kohl, e pelo Bundestag (Câmara dos Deputados) antes de entrar em vigor.
A Câmara Alta, que representa os 16 Estados da Alemanha, disse que os pagamentos devem ser cancelados para qualquer um, vivendo na Alemanha ou fora dela, que claramente "tenha violado os princípios de humanidade e justiça" durante a Segunda Guerra Mundial. Até agora, os Estados não podiam cortar pagamentos feitos a ex-criminosos de guerra que vivem no exterior.
O governo alemão admitiu em janeiro que alguns criminosos de guerra nazistas ainda recebiam pensões. A declaração foi feita depois que uma TV revelou que bilhões de dólares eram gastos anualmente com esse fim.
O Comitê Judaico Americano afirmou que, apenas nos Estados Unidos, 3.377 pensões eram enviadas anualmente a veteranos das forças do Terceiro Reich ou dependentes deles.
"O governo alemão fornece mensalmente pensões generosas para veteranos nazistas qualificadas como 'pensões para vítimas de guerra'", disse o comitê em um anúncio publicado no jornal "The New York Times".
A questão das pensões surgiu em dezembro, quando o Congresso Judaico Mundial requereu que o governo alemão divulgasse os nomes dos ex-membros das milícias de Adolf Hitler que viviam no Reino Unido e nos EUA e que recebiam pensões por incapacidade.
O governo alemão se negou a atender o pedido alegando que o ato seria ilegal. Em abril, porém, uma lista com 3.300 nomes de ex-militares nazistas foi divulgada, permitindo que se buscassem criminosos de guerra.
O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha confirmou que alguns veteranos que moram na Alemanha também continuam a receber pensões por incapacidade. Segundo o órgão, porém, "as forças militares não eram compostas apenas por voluntários. Muitos foram forçados a se alistar".
O Comitê Judaico Americano reclamou que mais de 20 mil sobreviventes do Holocausto na Europa Oriental e na ex-URSS nunca receberam qualquer pensão do governo alemão.

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