São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997
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O genes do homem

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Mais de um século após o monge austríaco Gregor Mendel ter revelado as "partículas" (hoje chamadas genes) que transmitem os caracteres hereditários de uma geração a outra, os cientistas ainda ignoram o exato número de genes que o homem possui. O que não é de admirar, porque os genes produtores de proteínas são relativamente poucos em relação ao monte de material genético que não produz proteína. É como agulha no palheiro.
Apenas 3% dos 3 bilhões das chamadas bases -unidades que compõem o DNA- produzem proteína. Mas os cientistas gostam de apostar e muitos deles já calcularam, usando diferentes meios, o número final de genes de cada indivíduo.
Há os baixistas, que estabelecem números relativamente pequenos, e os altistas, que fixam números altos. O campeão dos baixistas, Sydney Brenner, que dirige o Instituto de Ciências Moleculares, em La Jolla, Califórnia, estabeleceu como número padrão 60 mil genes. Brenner vem estudando um peixe japonês denominado fugu, que incha como o nosso baiacu. Baseado no número de bases dessa espécie, chegou aos seus resultados.
Craig Venter, por seu lado, calculou em 60 mil a 70 mil o número após analisar os fragmentos que foram sequenciados. Ele dirige o Instituto de Pesquisa do Genoma (Maryland).
C. Thomas Caskey, que dirige o projeto genoma da Merck, avalia em 80 mil a 100 mil o núnero final.
Leroy Hood, da Darwin Molecular, em Seattle, fixa em bem mais de 100 mil, porém reconhece que o seu cálculo não passa de grosseiro palpite. Excede a William Haseltine, que coloca seus números na casa de 120 mil a 150 mil.
Randy Scott, da Incyte, fica entre 80 mil e 100 mil, mas confessa que ainda se acha contando. Segundo "Science" (275, 769), Brenner faz avaliação humanista do debate ao declarar que as pessoas gostam de ter uma porção de genes.

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