São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
Próximo Texto | Índice

Ponte cede de novo e pode até desabar

RICARDO FELTRIN*

RICARDO FELTRIN; MOACYR LOPES JR.
DA REPORTAGEM LOCAL

Trecho da marginal Tietê na zona este de SP fica interditado nos dois sentidos pelo menos até as 12h de hoje

A ponte dos Remédios cedeu ontem mais cerca de cinco centímetros e, segundo engenheiros responsáveis pela obra, corre risco de ser condenada definitivamente.
Na madrugada de ontem, por volta das 2h, a ponte foi desocupada às pressas pela Este Engenharia. Um grande estalo foi ouvido. Por volta das 3h, a medição dos técnicos apontou que a ponte havia "caído" mais 48 milímetros. Um dia antes, houve quedade 16 mm.
"As próximas horas serão decisivas para sabermos se a ponte pode ou não ser salva", disse Paulo Taliba, superintendente de obras da Secretaria de Vias Públicas.
Por causa da nova queda na estrutura, a marginal Tietê permanecerá interditada nos dois sentidos pelo menos até o meio-dia de hoje (leia texto nesta página).
Taliba afirmou à Folha que as baixas temperaturas nas madrugadas dos últimos três dias diminuem ainda mais as possibilidades de recuperação da ponte -durante a noite, o frio faz com que a estrutura de cimento retraia.
"O estalo ouvido significa que a ponte está se mexendo, o que não é nada bom", declarou Lenivaldo Aguiar dos Santos, diretor da Este Engenharia, responsável pelas obras de recuperação da ponte.
Santos também disse que as próximas 48 horas serão decisivas. "Não dá para prever o que vai acontecer justamente por causa do frio que está fazendo à noite."
Para Taliba, "se o acidente tivesse ocorrido no verão haveria muito mais chance de tudo dar certo".
O engenheiro Aguiar dos Santos comparou o estado da ponte ao de um paciente que está na UTI, em estado grave, e que está sendo medicado. Se os "remédios" fizerem efeito, diz, o "paciente" poderá ir para a "cirurgia" -o que não garante que ele sobreviverá.
Cobertores e aquecedores
Para tentar segurar a queda e impedir que os trechos da ponte na rachadura se afastem ainda mais, serão utilizados macacos hidráulicos que puxarão cabos de aço fixados em caixas de concreto.
Essas caixas de concreto precisarão resistir a uma tração estimada pelo engenheiro Aguiar dos Santos em torno de 800 toneladas.
Trata-se de uma complexa operação de engenharia iniciada na tarde de ontem, que incluiu até cobertores de lã, plásticos e aquecedores a gás e elétricos (veja quadro).
O superintendente de Obras da secretaria, Paulo Taliba, afirmou que não há nenhum risco de a ponte dos Remédios desabar de uma hora para outra. "A obra tem uma proteção em sua estrutura que impede que ela sofra uma queda abrupta", disse Taliba.
"Se a ponte ceder mais cinco centímetros esta madrugada (a de hoje), e amanhã (hoje) continuar a ceder um milímetro a cada 15 minutos, por exemplo, significa que não poderemos fazer mais nada, a não ser esperar que ela caia."

Colaborou Moacyr Lopes Jr., repórter-fotográfico

Próximo Texto: Obras custam R$ 5 milhões
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.