São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
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Museu de Arte Sacra anuncia mudanças

ALVARO MACHADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Até recentemente tão reservado quanto o Mosteiro da Luz, com o qual divide paredes, o Museu de Arte Sacra de São Paulo conhece novos destinos.
Destacando-se do clima de meditação e rezas do convento vizinho, o museu começa a sair da semi-obscuridade que o cercava -até mesmo pela inauguração de novo sistema de iluminação-, e anuncia duas ampliações importantes: do horário de visitação e das instalações, com a anexação de espaços do mosteiro.
A ampliação acontece também com a primeira grande mostra de parte de seu acervo no exterior (leia texto nesta página) e pela informatização do catálogo e criação de endereço na Internet.
Novos visitantes
Sob nova direção desde fevereiro último, o MAS quer sair para a luz e atrair os visitantes da Pinacoteca do Estado e da Estação Júlio Prestes (que após restauração torna-se auditório de concertos), integrando-se ao "circuito cultural do bairro da Luz".
Com seu acervo ampliado ao longo de oito anos pelo engenheiro e colecionador de arte João Marino, morto em janeiro último, o museu passou em fevereiro à batuta de sua filha.
Ela é Mariangela Marino, nome indicado pela Secretaria de Estado da Cultura e referendado pela Cúria Metropolitana, proprietária de parte do acervo e do prédio.
Estratégias de marketing
Como no caso do atual MAM-SP, o MAS fica sob o comando de uma mulher sem formação em artes plásticas, mas com articulações nas áreas política e empresarial e confiança em estratégias de marketing, itens que parecem fundamentais para a sobrevivência de um grande museu em tempos de massificação.
Mariangela é formada em turismo e publicidade. Porém sua carreira segue de muito perto os passos do pai, até mesmo nos cargos que vem assumindo em diversos conselhos culturais.
Assistiu ao João Marino em Dois empreendimentos de porte: a catalogação e edição em livro de sua coleção particular de arte (leia nesta página) e o levantamento das peças e confecção do catálogo da exposição "Tradição e Ruptura" (Fundação Bienal, 1984).
"Poucas pessoas têm a sorte de crescer em contato com coleções tão privilegiadas", lembra.
Finalmente, afirma ter conhecido os problemas administrativos de um equipamento público em sua passagem de três anos pelo Museu da Casa Brasileira. Nesse período conduziu negociações para a incorporação definitiva do acervo Crespi-Penteado.
O que já mudou
Algumas das mudanças do MAS já podem ser conferidas. Além do novo sistema de iluminação dicróica, oferecido pela empresa Siemens em dezembro de 96, o museu está mais claro também por uma caprichada pintura branca das paredes de taipa e pela abertura de janelas, que franqueiam ao visitante vistas do bucólico convento, ilha de tranquilidade em meio ao tráfego pesado da avenida Tiradentes.
A maioria das peças da coleção mudou de lugar, visando a agrupar estilos e temáticas.
Entre outros remanejamentos, saíram do corredor de entrada grandes pinturas de fundo escuro. Em seu lugar, uma dezena de anjos em esculturas e tocheiros, principalmente do período barroco, saúdam o visitante.
Imagens antes postadas contra paredes ficam agora sob cúpulas de vidro no meio dos corredores, o que permite ver detalhes de acabamento. Uma rotatividade maior na exposição de 4.000 peças do acervo deve ser praticada -apenas de 700 a 800 obras podem ser apreciadas de cada vez no espaço do museu.
Confeccionam-se legendas em inglês para as obras; vitrines e pedestais são pintados etc.
No salão de entrada ganharam destaque 11 óleos de Benedito Calixto, retratando São Paulo por volta de 1865, além de um dos raros itens modernos do acervo: "Ressurreição de Lázaro" (1928), tela de Anita Malfatti que está merecendo restauração.
"Para as mudanças e ampliações, o museu tem recebido grande apoio da Sociedade Amigos do Museu, principalmente por intermédio de José Mindlin, da Cúria Metropolitana e do Cardeal Arns", disse a nova diretora à Folha.
"Isso além de uma atenção especial do secretário da Cultura, Marcos Mendonça, que assumiu o projeto da exposição de Buenos Aires."

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