São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Os bois 'verdes' criados no Brasil podem fazer sucesso na Europa

SILVANO MALETTO

"Os pastos brasileiros foram invadidos por dezenas de milhares de bois verdes." Essa notícia deu a volta na Terra e foi publicada em jornais de todo mundo.
Ela suscitou um novo alarme, que veio se somar às preocupações já existentes causadas pelos buracos da camada de ozônio, pela poluição ambiental, pelas ovelhas clonadas.
Mas não devemos temer, porque neste caso trata-se de uma notícia confortante.
Na verdade os bois verdes não são monstros pré-históricos que fugiram de Jurassic Park, perigosos parasitas mutantes ou mesmo extraterrestres que se aliaram para invadir o nosso planeta.
Em vez disso, tratam-se de bovinos de corte normais que vivem soltos nas imensas pastagens do Brasil.
De um ponto de vista rigorosamente científico, eles são como motores ecológicos capazes de desfrutar, como única fonte energética, da luz solar capturada pelos vegetais por meio da fotossíntese clorofiliana.
Eliminando assim qualquer temor, resta a estupefação que essa notícia traz.
Ela é um grande alívio para os consumidores de todo o mundo, considerando que grande parte da produção mundial de carne bovina deriva de animais que, em nome do rendimento rápido e do lucro fácil, são criados de modo artificial e com a aplicação de instrumentos tecnológicos nem sempre isentos de riscos.
Os exemplos existem à vontade: resíduos nas carnes de substâncias anabolizantes e de fármacos utilizados para exaltar a performance; resíduos de metais pesados, como chumbo, cádmio e mercúrio, derivados da utilização de misturas salinas produzidas com matérias-primas e com tecnologias não controladas.
Como último exemplo da vastíssima lista de riscos, resta o hipotético e grave perigo da carne produzida por bovinos que tenham recebido junto com a ração aquelas famigeradas farinhas de ossos, que na Europa provocaram o gravíssimo desastre conhecido como a doença da vaca louca.
Tudo isso não acontece no Brasil, onde dezenas de milhões de bovinos vivem bucolicamente sadios em um ambiente não contaminado e longe dos tecnicismos químicos e de todas formas de poluição.
A pecuária brasileira é uma imensa e riquíssima mina a céu aberto, repleta de "ouro verde".
É uma jazida que espera ser convenientemente administrada e desfrutada e que aparece como uma fantástica miragem de esperança para os milhões de europeus que, contra a própria vontade, tiveram que regredir para a posição de ex-consumidores de carne bovina.
"Ouro verde produzido em um ambiente verde por bois verdes."
Esse não é só um slogan, mas é a realidade de uma vocação exclusivamente brasileira.
Sou um viajante no Brasil e amante dos seus bois verdes, que sempre me enchem os olhos quando os vejo vivendo mansamente nos pastos e se alimentando da maneira mais natural possível com uma infinidade de tipos de gramíneas e leguminosas.
São pastos que se perdem na linha do horizonte e onde cabem muitos países europeus, que certamente virão buscar no Brasil a carne bovina que precisam.
É uma carne rara, valiosíssima, oriunda de bovinos verdadeiramente movidos à energia solar.
É uma carne que ao ser produzida não desrespeita o bem-estar dos animais, a saúde dos consumidores e o meio ambiente.
É 100% ecológica.

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