São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Crítica a Lula acirra divisão interna do PT

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo liderado por Luiz Inácio Lula da Silva quer aproveitar a crise detonada pelo caso Cpem -suspeita de favorecimento de administrações petistas à empresa de consultoria- para imprensar a ala "esquerda" do partido.
A ampliação do impasse interno ocorreu no sábado, quando Lula apontou o setor radical na hora de identificar forças da legenda que não teriam sido solidárias com ele depois da denúncia do economista Paulo de Tarso Venceslau.
"É irreversível a cicatriz que ficou no Lula", disse ontem José Dirceu, presidente do PT e ligado politicamente ao grupo de Lula. "Ele está revoltado." Dirceu passou a tarde de ontem reunido com o líder petista.
A principal queixa de Lula contra a "esquerda" é a divulgação de um manifesto, assinado por seis membros da Executiva da legenda. No texto, a ala condenava a direção atual, majoritariamente composta por amigos de Lula, e a responsabilizava por episódios recentes da vida do partido. O documento da "esquerda" também não defendeu o líder do PT.
"O Lula sofreu uma grande decepção e certas feridas podem ser curadas, mas deixam cicatrizes", afirmou Marco Aurélio Garcia, da direção do PT e homem de confiança de Lula.
O raciocínio do atual grupo majoritário é constranger a "esquerda". A direção nacional do PT será disputada no final de agosto entre o deputado Milton Temer, candidato da "esquerda", e José Dirceu.
A crise pessoal de Lula não poupa nem aliados. Ele acha que Dirceu errou ao montar uma comissão interna para investigar a denúncia de Venceslau sobre eventual tráfico de influência para auxiliar a empresa Cpem a conseguir contratos sem licitação com prefeituras petistas via Roberto Teixeira, compadre e dono da casa em que Lula mora gratuitamente.
Outro alvo da revolta de Lula é a ex-prefeita paulistana Luiza Erundina. Ele acha que Erundina foi desleal ao defender a "credibilidade" do autor da denúncia.
Joaquim Soriano, secretário-geral do PT e um dos signatários do texto que indignou Lula, ensaiou um recuo ontem. "A nota não foi feita para magoar o companheiro Lula, mas, se ele ficou magoado, peço desculpa", disse.

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