São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Família de pianista morto repudia livro

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

A família de Francisco Tenório Jr., pianista carioca que desapareceu há 21 anos durante turnê pela Argentina, divulgou ontem uma nota desaprovando livro que aborda o assunto.
"O Crime Contra Tenório - Saga e Martírio de um Gênio do Piano Brasileiro", publicado recentemente, é do guitarrista Frederico Mendonça, o Fredera, que conviveu com o pianista na década de 70.
O livro relata que militares argentinos prenderam o músico por engano na madrugada de 18 de março de 1976.
Tenório Jr. acabara de se apresentar em Buenos Aires com Vinicius de Moraes e Toquinho. Mesmo sem ter nenhum antecedente político, sofreu torturas e acabou fuzilado.
Conforme o livro, oficiais da Argentina praticaram as violências em parceria com militares brasileiros. O corpo do pianista continua desaparecido.
Na nota, Cláudio Bedran Gomes, procurador da família de Tenório Jr., ataca o "oportunismo" de Fredera. Acusa-o de tratar "um incidente internacional" com "leviandade".
Afirma, ainda, que os familiares do pianista não autorizaram a publicação do livro. E condena o fato de o autor se basear numa única fonte de informação: a entrevista que Cláudio Vallejos, ex-soldado do Serviço de Inteligência da Marinha argentina, deu à revista "Senhor" em maio de 1986.
À época, admitiu que participou da prisão de Tenório Jr. e que o viu morrer. Vendeu o testemunho por US$ 800.
Bedran Gomes ressaltou, porém, que "ninguém pretende processar Fredera". Também informou que os parentes do músico reivindicam junto à Argentina reparação financeira pela morte de Tenório Jr.
"Só quis resgatar a imagem de um anjo da música brasileira", explicou Fredera. O autor disse que, em 1993, procurou a mulher de Tenório Jr., e lhe contou sobre o livro. "Ela não fez nenhuma objeção e até me ajudou cedendo fotos."

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