São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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General adúltero desiste de nomeação

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O general da Força Aérea dos EUA Joseph Ralston pediu ontem ao secretário da Defesa William Cohen para que seu nome seja retirado da lista dos candidatos ao cargo de chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o mais alto da hierarquia militar do país.
Até a semana passada, Ralston, 53, era considerado o virtual substituto no posto do general John Shalikashvili, que passa para a reserva em setembro. Mas a revelação de que Ralston praticou adultério entre 1983 e 1984 liquidou suas pretensões. O adultério é proibido pela legislação militar como um dos atos que prejudicam a a disciplina nas Forças Armadas.
O secretário Cohen anunciara na semana passada que o caso extraconjugal de Ralston, ocorrido quando ele estava separado, mas não divorciado de sua primeira mulher, não havia prejudicado a ordem e por isso não deveria obstruir o progresso de sua carreira.
Mas a reação contrária de parlamentares da oposição e do governo, especialmente mulheres, a essa avaliação de Cohen foi intensa. Cohen foi acusado de usar dois pesos e duas medidas porque em maio ele aprovara a passagem para a reserva da tenente Kelly Flinn, também acusada de adultério.
Ralston vai permanecer, a pedido de Cohen, na posição atual, de subchefe do Estado Maior das Forças Armadas, até o fim do mandato, em fevereiro de 1998. É possível que as acusações contra Cohen de favorecimento aos homens se mantenham por causa disso.
Pesquisa de opinião pública realizada pelo Instituto Gallup na semana passada mostra que 61% dos entrevistados acham que adultério não é crime, e 58%, que ele não deveria ser proibido pela legislação militar. Segundo a mesma pesquisa, 21% dos homens e 11% das mulheres admitiram ter cometido adultério pelo menos uma vez.
Ralston é veterano condecorado da Guerra do Vietnã, durante a qual pilotou jatos em 147 missões. Ele tem dois filhos do seu primeiro casamento, que terminou em 1988. Sua segunda mulher, Diane Dougherty, com quem se casou em 1989, não é a funcionária civil da Agência Central de Inteligência (CIA) com quem ele manteve relação amorosa entre 1983 e 1984, quando ambos estudavam na Escola Superior de Guerra.
Defensores da promoção de Ralston argumentam que alguns dos principais comandantes militares da história dos EUA, inclusive o general Dwight Eisenhower, comandante das tropas aliadas durante o ataque à Normandia na Segunda Guerra, tiveram casos extraconjugais. Eisenhower namorou a sua motorista e secretária.

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