São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 1997 |
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Viúvas do vôo 402 organizam associação
MAURICIO STYCER
Ela foi fundada na última quinta por um grupo de pouco mais de 20 mulheres, que se referem a elas mesmas como "as viúvas do vôo 402" ou "as viúvas da TAM". Elas não se conformam com a demora na divulgação do laudo que deverá trazer as causas do acidente que, no último dia 31 de outubro, causou a morte de 99 pessoas, entre elas os seus maridos, muitos deles executivos de multinacionais e de bancos. Estão indignadas com muitas das empresas onde eles trabalhavam, por julgarem que mereciam uma assistência maior do que a recebida. Estão irritadas com muitas das escolas que se recusaram a dar bolsas de estudos a seus filhos. Classe média Entre essas viúvas, há muitas mulheres que não trabalhavam, tinham um padrão de vida de classe média ou classe média alta e, de repente, ficaram sem a principal fonte de renda da família. Pretendem, como diz a presidente da associação, Sandra Signorelli Assali, 41, fazer "pressão inteligente" junto das instâncias que podem ajudar a minorar as dificuldades pelas quais estão passando. A prioridade zero da entidade é conseguir a divulgação, pela Aeronáutica, do laudo com as causas do acidente. "A vida de nenhuma viúva está andando. Não há advogado que comece alguma ação sem o laudo", diz Sandra Assali, dona-de-casa e mãe de dois filhos. Justiça Em nome de algumas viúvas, o advogado Renato Guimarães Jr. entrou, na semana passada, com um mandado de segurança na Justiça Federal de São Paulo, pedindo que o Ministério da Aeronáutica apresente o laudo em juízo. Sem esse laudo, não se sabe de quem foi a culpa pelo acidente -e, assim, o escritório de advocacia norte-americano Speiser, Krause, Madole & Lear, que diz representar 26 famílias, não pode dar início à milionária ação indenizatória que planeja nos Estados Unidos. No próximo domingo, a associação volta a se reunir para votar o estatuto da entidade. Familiares de dois terços das vítimas do acidente já foram contatados. A idéia da associação é contatar os demais e agregar familiares de vítimas de outros acidentes aéreos. "Se criássemos a Associação das Viúvas do Vôo 402, nossa ação ia ser muito restrita", diz a bailarina Heloisa Gouveia, 40, vice-presidente da associação. "Queremos ir pelo caminho da diplomacia, mas, se for preciso, vamos gritar", avisa Heloisa. Informações sobre a associação podem ser obtidas no tel. (011) 578-3448 Texto Anterior: Buraco na pista pára decolagem Próximo Texto: Mulher anima festa para viver Índice |
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