São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 1997
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Euro abre a 1ª crise na coabitação

Chirac quer pacto de estabilidade

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da França, Jacques Chirac, disse esperar que um pacto final sobre as condições posteriores à adoção do euro (a moeda única européia) seja firmado na próxima reunião dos líderes da União Européia, prevista para a semana que vem.
As declarações de Chirac contrapõem-se à postura adotada pelo recém-empossado governo socialista do premiê Lionel Jospin, no primeiro choque entre os dois desde o início, na semana passada, da "coabitação" (quando presidente e premiê pertencem a blocos políticos que se opõem).
Anteontem, o novo ministro das Finanças da França, Dominique Strauss-Khan, insinuou que seu governo se opõe ao "pacto de estabilidade" -que estabelece critérios que devem ser mantidos após a adoção do euro, prevista para 1º de janeiro de 1999.
O limite de déficit público (3% do PIB) e as multas a serem impostas aos países que ultrapassarem esse limite foram estabelecidos em dezembro passado.
O "pacto de estabilidade", porém, ainda tem de ser aprovado formalmente. A aprovação está prevista para a reunião de 16 e 17 próximos em Amsterdã, mas pode não ocorrer devido ao racha na França entre o premiê socialista, Jospin, e o presidente de centro-direita, Chirac.
Os socialistas querem, de modo semelhante ao limite do déficit, regras claras que limitem as taxas de desemprego -querem uma "Europa mais social". As medidas de contenção de gastos públicos adotadas devido aos critérios do euro fazem diminuir a oferta de emprego em toda a Europa, causando mobilizações e intranquilidade social (leia texto abaixo).
"A França se comprometeu com a união econômica e monetária e está determinada a participar do lançamento do euro em 1º de janeiro de 1999", afirmou ontem Chirac, após se reunir com o atual presidente da UE, o primeiro-ministro da Holanda, Wim Kok.
"Isso inclui que analisemos o pacto de crescimento e estabilidade em Amsterdã, que eu espero seja concluído também em Amsterdã", acrescentou o presidente.
O líder francês disse apoiar medidas que garantam empregos, mas não quer sacrificar o cronograma do euro.
A pressão sobre os socialistas não deve se limitar, porém, às investidas de Chirac. O presidente da Comissão Européia, Jacques Santer, tem marcada para amanhã uma reunião acertada de última hora com Jospin na tentativa de salvar o "pacto de estabilidade".
O movimento, porém, nasce já tardio. Há poucas chances de que um novo pacto possa ser acertado em uma semana. Os termos do documento que deveria ser aprovado em Amsterdã levaram dois anos para serem estabelecidos.
O ministro francês para Assuntos Europeus, Pierre Moscovici, havia dito anteontem não acreditar que a revisão do "pacto de estabilidade" poderia ser concluída a tempo para Amsterdã.

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