São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Pesquisa deve ser rigorosa

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diretores do Ibope e do Datafolha chegaram a uma posição de consenso com os membros da comissão especial da Câmara que elabora a nova lei eleitoral: é preciso punir severamente os institutos que fraudam pesquisas eleitorais.
Na reunião, a maioria dos membros da comissão manifestou-se a favor da divulgação de pesquisas durante a campanha eleitoral, inclusive na véspera das eleições.
O diretor-executivo do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, defendeu multa de R$ 500 mil e pena de cinco anos de prisão para os responsáveis pelas fraudes. O projeto do deputado Edinho Araújo (PMDB-SP) prevê pena de dois meses a um ano.
Divulgação
A diretora-geral do Datafolha, Eneida Nogueira, defendeu a divulgação das pesquisas.
"Divulgar é a única forma de garantir a democratização da informação. Se não for divulgada, vai ficar restrita aos grandes grupos econômicos, aos partidos, aos candidatos. Todos saberão, menos os eleitores", disse Eneida.
O deputado João Almeida (PMDB-BA) defendeu a proibição da divulgação de pesquisas durante a campanha eleitoral: "O problema é o uso 'marquetizado' das pesquisas, a antecipação de resultados".
O deputado João Paulo (PT-SP) disse que a política "perdeu a naturalidade" com as pesquisas e os efeitos especiais da televisão. Afirmou que os candidatos usam as pesquisas para saber os anseios dos eleitores e, depois, dizer só o que eles querem ouvir.
"Essa combinação perversa elege prefeitos, governadores e até presidente da República", afirmou João Paulo.
Os diretores dos institutos e os deputados sugeriram propostas de regulamentação das pesquisas, para evitar possíveis fraudes.
O deputado Silvio Torres (PSDB-SP) propôs, sendo apoiado pelos institutos, que estes fossem obrigados a fazer um cadastro prévio nos tribunais regionais eleitorais dois meses antes das eleições. Com isso, seriam evitadas as pesquisas feitas nas vésperas das eleições por institutos despreparados ou desonestos.
Eneida Nogueira alertou para o risco da divulgação de dados e da metodologia da pesquisa antes da sua divulgação, como querem alguns deputados.
"Os partidos podem fazer ações localizadas nos locais onde seriam feitas as pesquisas. O sigilo é a garantia da isenção do trabalho", disse.
Carlos Augusto Montenegro disse que o instituto que cometer fraude deve ser fechado e os responsáveis presos. "Tem que ser algo violento, radical."
Essas punições não preocupam os institutos sérios, disse Montenegro: "O maior interessado na correção é o próprio instituto. Um erro poria em risco todos os negócios do grupo. Costuma-se dizer que, se for vender um resultado, é melhor vender o instituto, porque é uma vez só".

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