São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997 |
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Sensualidade da orquestra em CD é quase obscena
JOÃO BATISTA NATALI
É preciso ser muito bom de música para descer a fundo nesses dois compositores franceses. E é o que fazem admiravelmente Kurt Masur e sua Filarmônica de Nova York. O CD foi agora lançado pela Warner, entre os preparativos para aquilo que São Paulo ouvirá domingo, no Ibirapuera, e segunda e terça-feira, no Municipal. Masur e orquestra evitam em "A Valsa", de Ravel, e "Prelúdio para o Ocaso de um Fauno", de Debussy, a sensação fácil de decadência nostálgica de uma Belle Époque não mais resgatável. As duas peças trazem o frescor de um embate estético ainda em curso. São exemplarmente modernas, atuais. No "Prelúdio" há agora, por certo, uma gravação que rivaliza com outra recente, da Sinfônica de Londres, sob a direção de Michael Tilson Thomas. E que ombreia duas outras exemplares na discografia: as de Boulez, com a orquestra de Cleveland, e a de Ernest Ansermet, com a Suisse Romande. Há uma incrível qualidade técnica no registro de janeiro de 1996 no Avery Fisher Hall, de Nova York, sem a preponderância das cordas e com uma sutileza de instrumentos como a harpa, a flauta, o oboé ou a trompa, mesmo quando nenhum está conduzindo a linha melódica. "A Valsa" é tratada com a delicadeza já na lentidão da cadência. É pelos pianíssimos prolongados que Masur dá o seu recado. A Filarmônica de Nova York acaba de entrar na lista das gravações de referência. Ela, com seu maestro, torna-se contemplativa, mística, cristalina. Os sons que ela produz têm algo de uma filosofia sem palavras, hedonista, de uma sensualidade quase obscena, mas incrivelmente feliz. (JBN) Disco: Kurt Masur e Filarmônica de Nova York Lançamento: WEA Qaunto: R$ 20 (aproximadamente) Texto Anterior: Masur traz a SP sua aversão pelo "ar livre" Próximo Texto: As férias mais baratas: ficar em casa Índice |
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