São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 1997
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Prefeitura ignora fenda em viaduto do Rio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Uma fenda larga o suficiente para um adulto enfiar um braço surgiu no asfalto do viaduto Lusitânia, que liga o bairro da Penha (zona norte do Rio) à pista sentido zona oeste da avenida Brasil, principal via de ligação entre o centro e os subúrbios cariocas.
A Prefeitura do Rio desconhecia a existência da fenda, disse às 16h de ontem o diretor da Divisão de Estruturas da Secretaria Municipal de Obras, Nei de Araújo Lima.
A fenda fica sobre uma junta do viaduto, construído em forma de curva, com cerca de 400 metros de comprimento.
O viaduto é bastante movimentado. Das 11h30 às 11h45, passaram por ele 53 caminhões e ônibus, conforme contagem feita pela Folha. A Secretaria de Trânsito do Rio não informou qual o movimento de veículos no Lusitânia.
Quem olha a fenda a partir das laterais da pista nota que o viaduto está praticamente dividido em duas partes desniveladas. Os carros dão saltos quando passam sobre a fenda.
O professor de engenharia de corrosão da Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Luiz Roberto de Miranda disse que o viaduto poderá ser interditado.
"Não tenho como dizer dia e hora em que o viaduto vai colapsar, mas há chance de se repetir no Rio o que ocorreu na ponte dos Remédios, em São Paulo", disse.
Segundo Miranda, a prefeitura não fiscaliza viadutos e pontes. "É necessária uma monitoração sistemática. Essa fenda está errada. Se não forem tomadas providências, ao longo do tempo o risco será cada vez maior", afirmou. O diretor da Divisão de Estruturas da Secretaria de Obras admitiu que a fiscalização não é eficaz. Segundo ele, a tarefa de monitorar viadutos e pontes é de quatro empresas privadas contratadas pela prefeitura. "O ideal é manter um período de seis meses entre as manutenções, mas é difícil fazer isso com os nossos recursos", disse Lima, que anunciou a intenção de vistoriar o Lusitânia.
Outro risco afeta os elevados do Rio: o mato que cresce em juntas, pilares, muretas e acostamentos. No aterro do Flamengo, a ponte sobre o acesso ao aeroporto Santos Dumont tem três árvores ao longo de sua estrutura.
No elevado Perimetral (entre a avenida Brasil e o centro), arbustos crescidos entre frestas do concreto têm galhos e plantas descendo quase até o asfalto.
O professor da Coppe disse que a vegetação ameaça a estrutura do elevado. "As raízes apodrecem nas entranhas do viaduto, formando compostos corrosivos nocivos para o aço." O diretor da Divisão de Estruturas afirma que os riscos inexistem.

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