São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 1997
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Doentes de Aids farão exames de graça

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os doentes de Aids que receberem o coquetel anti-retroviral distribuído pelo governo serão obrigados a fazer os exames de carga viral (que mede a quantidade do vírus HIV no sangue) e CD4 (que mede a contagem de células de defesa). Até o final de julho, cerca de 30 laboratórios no país farão esses testes gratuitamente, desde que a doença tenha sido notificada.
O Brasil é o único país do Terceiro Mundo que oferece esses exames de forma gratuita. O ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, assinou ontem uma portaria sobre o assunto. "Com os exames e o coquetel, a qualidade de vida do paciente melhora, o doente de Aids se sente mais útil e há redução de hospitalização", disse.
O ministério estima que existam 400 mil soropositivos no país. Oficialmente, foram notificados 103 mil casos de Aids. Desses doentes, estariam vivos cerca de 50 mil, segundo estimativa da Coordenação Nacional de DST/Aids.
O coquetel anti-retroviral, terapia que combina três medicamentos diferentes, é tomado hoje por cerca de 50 mil pacientes, ou seja, praticamente por todos os doentes de Aids, segundo o ministério.
O coquetel é indicado em três situações: infectados pelo vírus HIV que não tenham sintomas da Aids e tenham contagem de CD4 acima de 500 e carga viral acima de 10 mil, pacientes com contagem de CD4 abaixo de 500 e pacientes que já têm sintomas de Aids.
Os dois exames são importantes, não apenas para definir a necessidade ou não de tomar o coquetel, mas também para demonstrar se a terapia está sendo eficiente e se há necessidade de mudar a combinação de medicamentos. O ministério está ampliando a rede de teste anônima do vírus HIV e espera um aumento do número de pacientes que precisem tomar o coquetel.
O ministério adquiriu 80 mil kits (por R$ 26 cada) para o exame de CD4 e 42 mil kits para o exame de carga viral (R$ 26 cada), suficientes para o atendimento o ano inteiro. O investimento no tratamento na doença é de R$ 500 milhões.
Os exames de carga viral e CD4 já estão disponíveis na Escola Paulista de Medicina, em São Paulo, e no Instituto de Saúde do Distrito Federal, em Brasília. O instituto Adolfo Lutz de São Paulo faz somente o de carga viral.
Os 32 laboratórios que farão o exame de carga viral e os 30 que farão o de contagem de CD4 são públicos e estão sendo capacitados segundo um do ministério.
O doente não precisa ir ao laboratório para realizar o exame. A amostra de sangue será remetida pelo posto de saúde ao laboratório.
O ministério espera que, em breve, esses dois exames sejam incluídos na tabela do SUS, o que permitiria que eles fossem realizados por laboratórios privados.

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