São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 1997 |
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Filarmônica de NY exibe sua excelência
JOÃO BATISTA NATALI Os paulistanos têm por hábito considerar importante qualquer megaevento. Alguns não valem tanto a pena. Outros valem, e muito. Exemplo: ir até o Ibirapuera para ouvir, às 11h deste domingo, a Orquestra Filarmônica de Nova York. Ou então, e seria um outro excelente exemplo, assistir os concertos que a mesma orquestra dará, segunda e terça, no Teatro Municipal.Pode-se contar nos dedos das duas mãos as orquestras sinfônicas que conciliam padrão de excelência e uma personalidade musical própria. A de Nova York é uma delas. Foi fundada em 1842. Teve diretores-musicais como Richard Strauss, Gustav Mahler, Arturo Toscanini e Bruno Walter. São nomes reverenciados pelos melômanos bem-informados. A orquestra é desde 1991 dirigida pelo alemão Kurt Masur, que desembarca com ela pela segunda vez no Brasil. Masur, ex-diretor da Gewandhaus de Leipzig, prosseguiu com uma orientação quase centenária, e que não consiste apenas em tocar excelentemente bem. A orquestra possui um jeito diferenciado de produzir música. As cordas emitem uma sonoridade espessa, caldosa. Seus sopros de madeira (oboé, clarineta, fagotes) são menos encorpados. A abordagem melódica é ligeiramente menos pesada que a de uma grande orquestra inglesa ou alemã. São pequenas sutilezas que poderiam passar despercebidas, se, no concerto ao ar livre do Ibirapuera, as caixas de som lá instaladas continuassem a se comportar com a estridência grosseira de um trio elétrico de periferia. Parece que desta vez será bem assim. O equipamento alugado pelo Citibank, patrocinador do evento, promete dar à amplificação maior fidelidade. Em 1987, dirigida por Zubin Mehta, a Filarmônica de Nova York atraiu ao mesmo local estimados 100 mil paulistanos. Se não chover e não estiver muito frio, o recorde anterior poderá ser quebrado. A filarmônica tem experiência nesses eventos. Em julho de 1986, e foi um recorde mundial, reuniu no Central Park um público que chegou a 800 mil. Ao ar livre, os músicos interpretarão de Tchaikovski a abertura "Romeu e Julieta", de Respighi, "Impressões do Brasil", e de Gershwin, uma suíte orquestral de "Porgy and Bess". É um programa leve, digestivo, sem nenhuma pretensão ao experimentalismo. O Tchaikovski é música de balé. Tem melodias bonitas e uma bela cadência. O Ottorino Respighi (compositor italiano) vale pela visão exótica que um europeu podia ter do Brasil no entre-Guerras. Quanto ao Gershwin, bem, Gershwin é Gerswhin. Os dois concertos no Teatro Municipal são produzidos pela Sociedade de Cultura Artística. O primeiro deles, com repertório alemão, trará duas peças de Richard Wagner (aberturas de "Os Mestres Cantores" e de "Tannhauser"), e, de Anton Bruckner, a "Sinfonia nº 3". Na noite seguinte, um repertório russo, com Tchaikovsky ("Romeu e Julieta" e "Variações sobre um Tema Rococó") e Rimski-Korsakov (suíte sinfônica "Cherazade"). ORQUESTRA FILARMÔNICA DE NOVA YORK - Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, região central, tel. 222-8698). 1.585 lugares. Seg. e ter.: 21h. Ingr.: R$ 35 a R$ 190. Parque do Ibirapuera (av. Pedro Alvares Cabral, s/nº, Ibirapuera, região sudoeste, tel. 574-0884). Dom.: 11h. Única apresentação. Texto Anterior: SHOWS; CONCERTOS; DANÇA; TELEFONES Próximo Texto: Kaiser 97 traz Gal Índice |
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