São Paulo, sábado, 14 de junho de 1997
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PMs de Minas fazem greve e passeata

PAULO PEIXOTO
FÁBIA PRATES

PAULO PEIXOTO; FÁBIA PRATES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Cerca de 400 policiais abandonam quartéis e fazem manifestação em BH, reivindicando 100% de aumento

Os soldados, cabos, sargentos e subtenentes da Polícia Militar de Minas Gerais entraram em greve ontem pela primeira vez para reivindicar aumento salarial.
Surpreendendo o comando da PM e o governo do Estado, cerca de 400 policiais -avaliação dos organizadores- abandonaram os quartéis e fizeram uma passeata pelas ruas de Belo Horizonte, tumultuando completamente o trânsito na região central.
A passeata teve paradas em frente ao Palácio da Liberdade -sede do governo-, onde ajoelharam no asfalto e rezaram, e também em frente ao prédio do Copom (Comando de Policiamento).
Os praças se rebelaram pelo fato de o governador Eduardo Azeredo (PSDB) ter concedido na semana passada aumento salarial variando entre 10% e 20% para os oficiais, ficando de fora os soldados, cabos, sargentos e subtenentes.
Eles reivindicam reajuste imediato de 100%. Hoje, o salário inicial de um soldado é de R$ 332,00, mais R$ 84,00 de ajuda alimentação. Nem mesmo a voz de prisão dada pelo comando do Batalhão de Choque, onde a manifestação foi organizada, deteve os policiais. Eles caminharam cerca de 8 km pela manhã -do Batalhão de Choque até o comando-geral- e retornaram à tarde.
Incidente
O único incidente ocorreu no centro, quando retornavam para o Batalhão de Choque. Ao perceberem que estavam sendo filmados por policiais da chamada P2 (a polícia secreta da PM), os praças reagiram, quebrando as duas câmeras e os expulsando com chutes.
Eles gritaram "vai embora, CPC", para o comandante do Comando de Policiamento da Capital, coronel José Guilherme. Integraram a passeata policiais do batalhões de Choque, do Trânsito, dos bombeiros, da cavalaria, do Hospital Militar e do 16º Batalhão.
Os PMs saíram em passeata fardados, mas sem armas (revólver e cassetete). Eles retiraram as tarjas de identificação. Os policiais que se uniram à passeata em andamento tinham armas e identificações.
Diante da promessa de punição, os manifestantes afirmaram que estão unidos e que, se isso ocorrer, o movimento tenderá a "engrossar" ainda mais. Eles protestaram também contra o regulamento interno da PM, alegando que são punidos até com cadeia por motivos banais, como bater o carro nas rondas. Uma comissão formada por sete militares, representantes das associações e clubes dos praças, se reuniu com o secretário da Casa Civil do governo, Agostinho Patrus, para discutir uma solução.
Após uma hora de reunião, eles concordaram em esperar alguns dias até que a Assembléia Legislativa aprove autorização solicitada por Azeredo para que conceda reajuste aos praças e outros setores do funcionalismo público por decreto governamental, o que hoje não é permitido pelo Legislativo.

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