São Paulo, sábado, 14 de junho de 1997
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Técnicas melhoram qualidade de cirurgia de câncer de mama

NOELLY RUSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Duas novas técnicas que envolvem cirurgia de câncer de mama foram apresentadas ontem na 2ª Convenção Latino-americana da European School of Oncology (Escola Européia de Oncologia), em São Paulo.
Um dos métodos é brasileiro e foi desenvolvido pela equipe de José Aristodemo Pinotti, professor titular de ginecologia e diretor do hospital Pérola Byigton. O outro foi trazido da Itália pelo mastologista Umberto Veronesi.
Veronesi usa o tecnesinum, uma substância radioativa, injetada em gânglios da axila. Essa região é uma das mais facilmente afetadas pelo câncer mamário.
A técnica italiana injeta o tecnesium no primeiro gânglio da axila, chamado de sentinela. Com uma sonda, o médico analisa a reação do sentinela.
Caso ele já esteja afetado pelo câncer, a sonda produz um som, quase um apito, que previne o médico da contaminação.
Nesse caso, a retirada da parte interna das axilas é necessária. Se não houver manifestação, a paciente é dispensada do procedimento.
A manutenção dos gânglios é um avanço. Primeiro porque torna a cirurgia um procedimento menos traumático e mantém um dos mecanismos de defesa do corpo, os gânglios.
Outra vantagem da manutenção dos gânglios e da região das axilas é evitar o edema de braço, um "efeito colateral" que afeta 20% das mulheres vítimas do câncer de mama.
O edema, ou inchaço, no braço é provocado porque, na retirada dos gânglios nas axilas, também são destruídos os meios de irrigação sanguínea do braço.
Uma pesquisa realizada pelo médico italiano mostrou que 94% das mulheres submetidas à cirurgia tinham as axilas sadias.
Antes de esse método ser usado, os médicos não conseguiam descobrir se o câncer na mama havia ou não se alastrado para as axilas e, como medida preventiva, faziam a cirurgia.
O aparelho italiano foi importado e chega ao Brasil em dois meses, quando o hospital Pérola Byigton começa a realizar o exame.
A produção do tecnesium será realizada no próprio hospital, que mantém uma unidade de medicina nuclear.

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