São Paulo, sábado, 14 de junho de 1997
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Uma podridão com pó-de-arroz

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, se é necessário que 24 clubes disputem o Campeonato Brasileiro (embora o regulamento, até onde pude apurar, não especifique essa obrigatoriedade), é até aceitável que o Fluminense possa reivindicar uma vaga existente.
Mas, se essa vaga foi aberta por uma decisão política da justiça desportiva, que suspendeu o Atlético do Paraná do futebol por uma ano pressionada por aqueles que trabalham pela volta do Fluminense à primeira divisão do Brasileiro, o fato é moralmente inaceitável e merece repúdio da sociedade -inclusive dos torcedores do Fluminense.
Em princípio, julguei correta uma punição rigorosa ao Atlético, mas até agora não entendi a razão pela qual o Corinthians não recebeu, pelo menos, uma pena idêntica.
Só com punições rigorosas e rápidas, que sirvam de exemplo e intimidem novas tentativas de suborno de arbitragens, é que o futebol conseguirá readquirir credibilidade.
Mas aconteceu aquilo tudo que a gente temia e, na verdade, até esperava.
A motivação da punição ao Atlético está aparecendo agora, e ela mal consegue disfarçar a sua podridão empoada de pó-de-arroz.
Sem regras estáveis e sem homens de grandeza, o futebol brasileiro continuará sendo esse pequeno brinquedo na casa dos horrores.
*
Enquanto se especula se Parreira volta ou não à seleção, o "The New York Times" publica uma reportagem sobre o ex-técnico dos canarinhos.
Não, não se trata de uma reportagem avaliando as chances de uma possível volta ao passado. Trata-se de um texto jornalístico para mostrar justamente o contrário.
O "Times" espanta-se de "o técnico mais reconhecido do mundo" ser agora uma quase anônimo habitante de Manhattan, vivendo a "quase um tiro de escanteio do Lincoln Center".
Segundo a velha dama cinzenta, o técnico do time de soccer Metrostars passa a maior parte do seu tempo no Giant Stadium, treinando a equipe e optou por morar perto do Lincoln Center porque gosta de "museus, teatros, cinemas e exposições culturais".
Fico contente em saber que ele está feliz. Por lá.
*
Outro dia, o Juca Kfouri lembrou que o Dario Pereyra, técnico revelação do Campeonato Paulista de 97, poderia estar na seleção dos mais elegantes.
Aproveitei a sugestão do Juca e encomendei as duas seleções: a dele, Juca, e a do Dario, que vem de um país cheio de jogadores elegantes.
A do Juca, originalíssima, eu publico hoje. A do Dario, para fazer um pouco de suspense, no próximo sábado.
Aí vão os elegantes na escolha do Juca Kfouri:
Gilmar (o único); Carlos Alberto, Mauro Ramos de Oliveira (elegante até no nome), Amaral e Nílton Santos; Falcão (the best), Didi (o Príncipe Etíope) e Sócrates (o craque mais original da história); Garrincha (de chapliniana elegância), Pelé e Chico Buarque, porque ele merece.
Nós também achamos que o Chico merece, caro Juca.

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