São Paulo, sábado, 14 de junho de 1997
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Veneza esquenta verão europeu das artes

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O curador italiano Germano Celant, há décadas radicado nos EUA, sofre com essa sua "dupla cidadania".
Convidado às pressas para "salvar" a Bienal de Veneza no ano em que ela mais precisa de ressonância, devido à concorrência com a Documenta de Kassel, a salvação viria com o nome de Celant, um dos mais respeitados do mercado, e com seu poder de fogo, capaz de arregimentar o que há de melhor -na tradição e na vanguarda- nas artes contemporâneas.
Celant é o principal teórico da "arte povera", manifesto contra as formas tradicionais de arte que propunha uma opção precária, antiformal e anticomercial de arte, baseada no uso de materiais sem valor, como terra e madeira, para assim minar seu mercantilismo.
Antes mesmo de a mostra -em sua 47ª edição, intitulada "Futuro Presente Passado"- ser inaugurada para o público, amanhã, o criador e principal teórico da "arte povera" já está na berlinda, acusado de puxar a sardinha para a brasa da arte americana.
Também pudera, Celant é curador de arte contemporânea do museu Guggenheim, em Nova York, e um dos maiores históricos da arte pop (sabe tudo de Andy Warhol e Keith Haring), movimento que usa para iniciar sua revisão dos 30 últimos anos de arte e prospectar o que vem por aí.
Selecionou obras de tops, como o americano Roy Lichtenstein, a inglesa Rachel Whiteread, o alemão Anselm Kiefer (vencedor do Grande Prêmio da mostra e que tem trabalhos no museu Correr) e o italiano Emilio Vedova (que venceu o Leão de Ouro pelo conjunto da obra, prêmio dividido com a pintora americana Agnes Martin).
O Brasil está representado pelos artistas Waltercio Caldas e Jac Leirner, selecionados pela Fundação Bienal. Leiner apresenta trabalhos da série "Foi um Prazer", realizado com cartões de visita que colecionou no mercado de arte durante dez anos. Waltercio apresenta composições de silhuetas de jarros em vidro e metal, novas naturezas-mortas, lúcidas, em todos os sentidos.

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