São Paulo, sábado, 14 de junho de 1997
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Malabares ganham vida em "Hic Hoc"

Espetáculo francês está em cartaz no Sesc Ipiranga

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Hic Hoc" faz do malabarismo mágica. Em uma das cenas desse espetáculo do Novo Circo Francês, o movimento das bolas no ar provoca desenhos de luz, como bolas de fogo. Em outra cena, um dos atores faz malabarismos e brincadeiras com saquinhos de plástico, fazendo-os flutuar.
"Hic Hoc", espetáculo do diretor francês Jérôme Thomas, 34, terá apresentações gratuitas hoje e amanhã, no teatro do Sesc Ipiranga, e integra a programação da Temporada Sesc Outono/97, com apoio da Aliança Francesa.
Com truques aparentemente simples -usando bolinhas de tênis em varas ou em elásticos, mais luz amarela e música-, quatro atores fazem desenhos gigantescos e surpreendentes no ar e armam e desarmam situações sem precisar pronunciar uma palavra, usando com precisão seus movimentos de mímica e dança no exato tempo da música.
Cá e lá
O espetáculo é composto de duas partes. "Hic", que significa "aqui", conta com os quatro atores em cena fazendo desenhos no ar e provocando situações hilárias, com brincadeiras que provocam as leis da gravidade.
"Hoc", que é "lá", "outro lugar", lança um diálogo burlesco, que se alterna entre o som e o gesto, entre um músico (Alfred Spirli) e um malabarista (o próprio Jérôme Thomas).
Na verdade, esse diálogo acontece porque o malabarista responde às provocações do músico.
Por ser um malabarista com formação jazzística, Thomas dá grande ênfase à música. O som está sempre presente, provocando ou compondo o ritmo do espetáculo. A direção de atores e a performance têm exatidão, buscam o tempo preciso.
Thomas começou a trabalhar com malabares aos 14 anos, em circos e cabarés franceses. Seu trabalho conta com improvisação tanto na parte musical quanto nos malabares.
"Lido com a linguagem do malabarismo de forma contemporânea. Da mesma forma que contraponho as ações de acordo com o som e o silêncio da música. Tanto em um quanto em outro é necessário o improviso para a criação."
Com seus atores, Jérôme Thomas é rígido, impõe a cadência, mas diz não se considerar severo.
"Eu apenas dou o 'start' e mostro o tempo aos atores", afirmou ele, que é professor de malabarismo na Escola Nacional Superior de Artes Circenses de Châlons-sur-Marne e foi o responsável pela organização do primeiro Festival de Malabarismo, realizado na semana passada, em Paris.
"Hic Hoc" tem uma 1h40 de duração e foi elaborado há cerca de dois anos. O espetáculo já foi apresentado em vários países asiáticos, europeus e africanos.
Novo Circo
"Hic Hoc" traz uma redefinição de malabarismo, que deixa de ser jogos de habilidade, exercícios com bolas ou garrafas.
"Trata-se de um espetáculo do novo circo francês, que utiliza a linguagem circense para elaborar situações cotidianas, usando também dança, mímica e poesia em cena", disse o diretor.
Fica nítida a influência dos estilos de Buster Keaton e Jacques Tati no trabalho de Thomas. Todos os conflitos do espetáculo resultam em riso, provocado pela surpresa.
A comédia já começa pelo título "Hic Hoc" (Aqui Lá), que pode também se referir ao som de soluço, ou simplesmente ser um jogo de palavras.

Espetáculo: Hic Hoc
Concepção: Jérôme Thomas, Alfred Spirli
Direção: Jérôme Thomas
Elenco: Martin Schwietzke, Philippe Ménard, Vincent Lorimy, Emmanuel Anglaret, Jérôme Thomas e Alfred Spirli
Quando: hoje, às 21h, e amanhã, às 20h
Onde: teatro do Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, Ipiranga, tel. 011/273-1633) Quanto: entrada franca (retirar convites com antecedência)

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