São Paulo, sábado, 14 de junho de 1997
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Ministros tentam salvar cúpula da UE

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A AMSTERDÃ

Em um desesperado esforço para salvar a reunião de cúpula da UE (União Européia) que se inicia segunda-feira em Amsterdã, os ministros de Finanças dos 15 países-membros marcaram reunião de emergência para a noite de domingo, na busca de um acordo.
Ontem, reuniram-se na cidade francesa de Poitiers os líderes dos dois pólos do mais recente imbróglio europeu: pela França, o presidente Jacques Chirac e o premiê Lionel Jospin; pela Alemanha, o chanceler Helmut Kohl.
Não houve acordo. Chegaram ao que o ministro das Finanças da França, Dominique Strauss-Kahn, definiu como 80% de entendimento sobre o chamado Pacto para a Estabilidade e o Crescimento, acertado em dezembro passado, para ser referendado em Amsterdã, mas objetado pelo novo governo socialista francês.
O pacto prevê multas pesadas para países com déficits orçamentários elevados (acima de 3% do PIB, Produto Interno Bruto, medida da riqueza de um país), após a introdução do euro, a moeda única européia, prevista para 99.
Mas Strauss-Kahn exigiu, no começo da semana, que o pacto incluísse também um capítulo que comprometa os países europeus a combater o desemprego, o grande fantasma do momento na Europa, pois afeta 18 milhões de pessoas.
Ontem, Strauss-Kahn voltou à carga, após encontrar-se com seu colega alemão, Theo Waigel: repetiu que nada tem contra o pacto, mas insistiu que ele é insuficiente, pois a Europa necessita "ação em favor do emprego".
Apesar de o encontro ter sido inconclusivo, as Bolsas de Valores européias explodiram, antecipando um acordo que pavimentaria o caminho para o lançamento da moeda única de acordo com o calendário original, ou seja, a partir de 1º de janeiro de 1999.
É verdade que boa parte da alta nas ações se deveu a mais um dia de euforia na Bolsa de Nova York, que puxa as cotações nos demais grandes centros financeiros.
Mas as especulações sobre uma aproximação nas posições francesas e alemãs também ajudaram.
Apelo holandês
Ela deveria se concentrar na adaptação da estrutura da União Européia para um futuro aumento no número de membros (há 11 países na fila).
Mas Kok pede na carta que os dirigentes europeus "concordem em um número de medidas destinadas a demonstrar, além de qualquer dúvida, que o processo para a união monetária ainda está firmemente nos trilhos".
O premiê holandês pede ainda que a cúpula seja uma reafirmação do "compromisso de que a união monetária será bem sucedida".
É o mais claro sinal, até agora, de que as dúvidas sobre o cumprimento das regras e/ou do calendário para a moeda única chegaram ao ponto máximo.
Se depender, no entanto, de grupos extremistas, a cúpula de Amsterdã será marcada pelo sangue, não pela moeda única: cartazes espalhados pela cidade, desde ontem, pregam o assassinato dos líderes europeus.
Os cartazes mostram Tony Blair (Reino Unido), Helmut Kohl (Alemanha) e Jacques Chirac (França) na forma de alvos, com a palavra de ordem: "Buscar e destruir".
"Protestar, tudo bem. Mas isso já é levar as coisas longe demais", reagiu o porta-voz da polícia local, Klaas Wilting.
A polícia holandesa diz que não vai aumentar ainda mais o número de policiais alocados para a segurança da cúpula (5.000), embora esteja levando "muito a sério" a ameaça dos cartazes.

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