São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997 |
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MST busca apoio popular a Rainha
OTÁVIO DIAS
Segundo Luiz Eduardo Greenhalgh, 49, advogado de Rainha e deputado federal pelo PT de São Paulo, "o MST vai disputar a opinião pública com a UDR (União Democrática Ruralista) em nível local (Pedro Canário) e nacional para tentar mudar a sentença". Como a pena foi superior a 20 anos, Rainha tem direito a um segundo julgamento, marcado para 16 de setembro, em Pedro Canário, a 270 km de Vitória (ES), onde ocorreu a primeira condenação. Greenhalgh acha que a população de Pedro Canário -e, consequentemente, o júri formado por pessoas da região- foi "envenenada" contra o MST, o que resultou em um julgamento político. "A estratégia da defesa foi de evitar que o julgamento de Rainha se transformasse numa condenação ao MST. Tentamos mostrar que não havia provas contra ele", afirmou Greenhalgh, em entrevista à Folha na última sexta-feira. Para ele, Rainha foi vítima de um "clima hostil existente na cidade contra os autores dos homicídios". "A estratégia da acusação foi de pedir a condenação como um grito de alerta para frear o MST." Rainha foi condenado pela participação nos homicídios do fazendeiro José Machado Neto e do policial militar Sérgio Narciso da Silva, ocorridos durante invasão da fazenda de Machado em 5 de junho de 1989, em Pedro Canário. A defesa sustenta que o líder do MST, na data dos homicídios, participava de invasão no Ceará. "As pessoas que disseram ter visto Rainha descreveram-no de maneira contraditória", diz Greenhalgh. Além desses depoimentos, não há outras provas. Para Greenhalgh e seu sócio, o advogado Aton Fon Filho, 49, o júri condenou Rainha "contra as provas dos autos". Por isso, eles pretendem entrar com recurso pedindo a anulação do julgamento, que deverá ser analisado pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Atuação discreta Os advogados vão aconselhar Rainha a ter uma atuação mais discreta à frente do MST enquanto aguarda o novo julgamento. Ele deve, inclusive, evitar participar de invasões de terras. "Na minha opinião, ocupar terra improdutiva não é ilegal. Mas os juízes podem pensar diferente. Por isso, a questão precisa ser avaliada", disse Fon Filho. "Vou pedir a Rainha concentração para o novo julgamento. Prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém", afirmou Greenhalgh. Texto Anterior: A tramóia de volta Próximo Texto: Folha lança nesta quinta a 'Biblioteca' Índice |
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