São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997
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2. ELIOT PARA DJUNA

Londres
3 de maio de 1948

Querida Djuna:

Enviei-lhe um longo telegrama hoje assim que retornei da França e tão logo vi sua carta a John Hayward (amigo íntimo de Eliot), que me reprovou pela minha ineficiência naqueles termos.
Ah, querida, desculpe-me! Os pacotes chegaram todos, tenha certeza. E eu achava mesmo que havia respondido a sua carta; não deixamos de abrir nada, e temos comido o arroz e os bolinhos e tudo o mais, e longe de mim querer morder a mão que me alimenta. Depois desta, eu bem mereceria definhar. Mas espero poder almoçar ou jantar com você no começo de outubro: estarei bem perto de Patchin Place, em Princeton, Nova Jersey, e acho que de vez em quando vai dar para escapulir daqueles construtores de bombas atômicas e companhia para aparecer pontualmente no Lafayette.
Como você está, Djuna querida, anda escrevendo alguma coisa ou está pintando? Acabei de chegar da França, onde estive bebendo "pastis" com os prefeitos das vilas nos Basses-Alpes; mas estava lá a trabalho, em conferências e simpósios, e estou muito rouco agora, já que é difícil falar em francês com uma dentadura quando não se está acostumado. Não deixe de escrever e diga-me se eu poderei vê-la face a face daqui a quatro meses, Djuna querida, se há alguém que eu não gostaria de ter tratado dessa maneira vil, esse alguém é você e você aí, com certeza, não anda comendo direito e tudo tão caro em Nova York e eu me despeço aqui, com muito amor, seu humilde.

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